CPMI do Golpe

Quem incentivou ataques precisa ser responsabilizado, afirma Contarato

CPMI analisa, nesta semana, o plano de trabalho proposto pela relatora do colegiado. Além disso, mais de 750 requerimentos aguardam deliberação
Quem incentivou ataques precisa ser responsabilizado, afirma Contarato

Foto: Alessandro Dantas

A CPMI do Golpe deve dar nesta terça-feira (6/6) seus primeiros passos rumo aos esclarecimentos dos fatos ocorridos no dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e promoveram a destruição nas sedes dos poderes da República, em Brasília.

Nesta semana, estão previstas duas reuniões do colegiado. A primeira delas, nesta terça, às 9h, deve analisar o plano de trabalho sugerido pela relatora do colegiado, senador Eliziane Gama (PSD-MA).

Na quarta-feira (7/6), no mesmo horário, o colegiado deve analisar os requerimentos, até então, apresentados pelos membros da CPMI. Ao todo, já foram mais de 750 requerimentos registrados. Destes, mais de 400 são para convocar pessoas a depor.

Dentre eles, estão pedidos de convocação do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal (DF) e ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Outros 167 requerimentos que serão analisados pela CPMI requerem informações de outros órgãos. Alguns parlamentares, por exemplo, querem acesso aos inquéritos do Supremo Tribunal Federal que investiga os atos de vandalismo praticados em 8 de janeiro.

Também foram apresentados pedidos para que a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) compartilhe o que foi apurado pela CPI conduzida pelo Legislativo local.

Na avaliação do líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), a CPMI do Golpe será um momento importante para avançar na investigação e elucidar quem esteve na articulação da tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito.

“Precisamos apurar não apenas quem saiu nas fotografias, mas os incentivadores, os financiadores e os mandantes desse atentado à nossa democracia. Apesar das inúmeras tentativas de descredibilização do nosso sistema eleitoral, dos ataques recorrentes à Democracia e da tentativa de golpe de 8 de janeiro, a democracia brasileira segue inabalável. Mas não podemos permitir que isso se repita. Quem fez ou incentivou esses ataques precisa ser devidamente e duramente responsabilizado”, disse o senador.

Contarato ainda lembra que os ataques promovidos são o resultado de um governo que passou quatro anos atacando a democracia brasileira com questionamentos absolutamente sem fundamento.

“Isso tudo foi orquestrado por Bolsonaro e vamos mostrar isso à população. A prova de que era uma ação planejada foi que, ainda em 24 de dezembro de 2022, um atentado a bomba, em um caminhão-tanque, foi descoberto no Aeroporto de Brasília. Bolsonaro e seus aliados incentivaram e inflaram esses movimentos, e a CPMI vai confirmar isso”, indica Fabiano Contarato.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), outro titular da comissão, espera que as investigações possam alcançar os responsáveis pelos investimentos feitos numa tentativa de golpe. “Nossa expectativa é de que a CPMI traga mais luz sobre o financiamento e a organização política dos atos”, declara.

O senador protocolou seis requerimentos solicitando que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) disponibilize os Relatórios de Inteligência Financeira de seis empresários bolsonaristas que teriam defendido um golpe de estado em grupo no WhatsApp. Os empresários mencionados nos requerimentos são Luiz André Tissot, do grupo Sierra Móveis; Marco Aurelio Raymundo, proprietário da Mormaii; Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; Jose Isaac Peres, do grupo Multiplan; e Jose Koury Junior, proprietário do Barra World Shopping.

Mentira será punida com a prisão

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, publicada no último domingo (4/6), a senadora Eliziane Gama afirmou que falso testemunho feito perante ao colegiado será punido com o pedido de prisão do depoente.

“Se tiver falso testemunho na CPI, pedido de prisão será feito. Nós não vamos aceitar avacalhar os trabalhos da comissão. E eu, como relatora, não vou aceitar quem vem para a comissão tripudiar ou tentar manipular ou instrumentalizar o colegiado”, declara a senadora.

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