A imprensa brasileira veiculou, entre janeiro e novembro do ano passado, 68.811 casos de violência contra a mulher, conforme a base de dados da Linear Clipping, utilizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Câmara dos Deputados. O levantamento deu origem ao Mapa da Violência Contra a Mulher 2018.
Os casos foram divididos em cinco categorias: importunação sexual, violência on-line; estupro, feminicídio e violência doméstica.
O número assustador reforça a necessidade do combate permanente à violência contra a mulher. Essa semana marca a passagem do Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. Data celebrada em todo o mundo todo dia 25 de novembro desde 1981.
Na passagem da data, a ministra das Mulheres do governo Bolsonaro, Damares Alves, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva e ficou em silêncio diante das perguntas dos jornalistas. Segundo sua assessoria, o silencia teatral da ministra serviu para mostrar como o silencia da mulher incomoda.
“Mais do que o teatro dela [Damares], o que chama a atenção no Brasil é o fato de que cerca de 1,2 milhão de mulheres sofreram violência num período de sete anos, com um aumento de mais de 400% em relação às negras. E o mais chocante de tudo: a inoperância do governo da ministra em executar políticas públicas para combater essa chaga social”, criticou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
Entre 2010 e 2017, segundo dados da plataforma Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas (EVA), 1,23 milhão de mulheres reportaram ser vítimas de violência. No mesmo período, mais de 177 mil mulheres e meninas foram vítimas de violência sexual e 38 mil mulheres foram assassinadas.
O atual cenário de estímulo à violência e a campanha de armamento da população patrocinado pelo atual governo e seus aliados contrasta radicalmente com as iniciativas tomadas durantes os governos Lula e Dilma.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, em agosto de 2006, a Lei Maria da Penha, criada com o objetivo de punir com mais rigor os agressores contra a mulher no âmbito doméstico e familiar.
Já a Lei do Feminicídio foi criada a partir de uma recomendação da CPMI que investigou a violência contra as mulheres nos estados brasileiros. O colegiado funcionou de março de 2012 a julho de 2013 e teve como relatora a ex-senadora Ana Rita (PT-ES). Após a aprovação no Congresso Nacional, o projeto foi sancionado pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
“Os governos de Lula e Dilma Rousseff lutaram contra a violência, por uma nação justa e mais igualitária para todos e todas. Diferente de Bolsonaro, que ameaça todos os dias as minorias do país”, destacou o senador Paulo Rocha (PT-PA).
O silêncio da ministra foi bem teatral. Mais do que o teatro dela, o que chama a atenção no Brasil é o fato de que cerca de 1,2 milhão de mulheres sofreram violência num período de sete anos, com um aumento de mais de 400% em relação às negras. pic.twitter.com/3uyxyTlHjl
— Humberto Costa (@senadorhumberto) November 25, 2019
Os governos de Lula e Dilma Rousseff lutaram contra a violência, por uma nação justa e mais igualitária para todos e todas. Diferente de Bolsonaro, que ameaça todos os dias as minorias do país.
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— Paulo Rocha (@senadorpaulor) November 26, 2019
Você sabia? 59% da população afirma ter visto uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente, 52,3% dos assassinatos d mulheres são por armas d fogo, 71,8% das vítimas de estupro são menores de 18 anos. Dia de Não Violência contra a Mulher. Fonte: Atlas da Violência e FBSP.
— Paulo Paim (@paulopaim) November 25, 2019