Marcelo Camargo/Agência Brasil
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, participa do evento “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste”, promovido em parceria com o Consórcio Nordeste
Parlamentares do PT no Senado reagiram com indignação à “trágica entrevista” concedida pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na qual defendeu a criação de uma frente – essencialmente de direita – dos estados das regiões Sul e Sudeste para combater o protagonismo político da região Nordeste, que ele comparou a uma “vaquinha que produz pouco”, privilegiada em vez das “vaquinhas que mais produzem”.
O senador Humberto Costa (PT-PE) lembra que o próprio norte de Minas Gerais é abrangido pelas ações de órgãos de desenvolvimento da região Nordeste, como é o caso da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
“[Foi uma] trágica entrevista. É uma visão equivocada, preconceituosa e que revela total desconhecimento sobre o que é o Nordeste hoje, uma região que cresce até mais do que o Brasil. O Brasil precisa de união para fazer sua reconstrução, não de preconceitos e defesa de separação entre os brasileiros”, declarou o presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.
Para o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), ao contrapor regiões do Brasil, numa fala nitidamente preconceituosa, Zema busca estimular a divisão e o ódio entre os brasileiros por puro oportunismo eleitoral.
“O Brasil é um só e o verdadeiro inimigo dos brasileiros é o populismo irresponsável”, enfatizou Contarato.
A vice-líder do PT no Senado, Teresa Leitão (PT-PE), lembrou do lema criado pelo governo Lula – União e Reconstrução – e o tratamento republicano dado a todos os estados da Federação, independente de coloração partidária.
“Aí vem o governador Zema, do mais nordestino estado do Sudeste, propor uma frente contra o Nordeste. Xô, xenofobia!”, clamou.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) classificou a manifestação do governador como “preocupante e abominável” pelo desejo manifesto de atuar contra o Norte e Nordeste, já que isso agrava as desigualdades regionais existentes no país.
“Buscar soluções conjuntas em vez de competir é o essencial para o momento. Isso garante o desenvolvimento em todo o Brasil, trazendo união e crescimento sustentável”, disse o senador.
Demais reações
O Consórcio Nordeste também reagiu às falas do governador de Minas Gerais. Presidido pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), em nota, o grupo afirma que a fala de Zema representa “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste” e destaca que esses estados vêm sendo “penalizadas ao longo das últimas décadas” nos projetos nacionais de desenvolvimento.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, chamou Zema de “traidor da Constituição”. “Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses”, lembra Dino.
“Sou do Sul e essa fala é inadmissível, temos orgulho no Nordeste, do povo nordestino. Queremos a união do povo brasileiro por um país livre de discriminação”, declarou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
