Gleisi: polícia não é para levar estudante de camburão (Foto:Alessandro Dantas)A prisão de alunos que ocupavam o Centro de Ensino Médio Dona Filomena Moreira de Paula, em Miracema do Tocantins (TO), foi duramente criticada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), nesta quinta-feira (27). Para a senadora, se é para desocupar a escola, que se comece um processo de negociação.
“A polícia não é para algemar estudante, a polícia não é para levar estudante de camburão, estudante que está lutando pela educação. Não é para isso que a polícia nos serve, não é para isso que os brasileiros, contribuintes de cada estado pagam seus impostos para dar sustentação à força policial”, disse a parlamentar.
A escola foi ocupada na quarta-feira (26) por cerca de 20 estudantes do centro de ensino e, também, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Eles protestam contra a PEC 241, que reduz gastos do governo pelos próximos 20 anos, e a Medida Provisória (MP) 746. A ação policial foi solicitada pelo promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE).
Da tribuna do Senado, Gleisi disse que tentou falar com o governador do Tocantins, Marcelo Miranda. Ela quer que o governador entre em contato com a Defensoria Pública para prestar assistência aos jovens presos.
“Consegui conversar com a senadora Kátia Abreu, que é do Tocantins, e pedi-lhe que entrasse em contato com a Defensoria Pública para prestar assistência aos estudantes, para ir até a delegacia. Ela já se dispôs a fazer isso. Mas eu gostaria muito que o governador Marcelo Miranda atendesse os telefonemas”, disse a senadora.
Gleisi foi alertada sobre a situação pela presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes. Ainda segundo a senadora, não é só no Tocantins que casos semelhantes vêm ocorrendo.
“Na cidade, agora, de Goiás, temos cinco estudantes presos. No Paraná, que é o meu Estado, temos quase 800 escolas ocupadas, o Conselho Tutelar está se prestando a um papel, que lamentavelmente não podia ser o dele, de ir para dentro das escolas, inclusive ameaçar os estudantes – quem me falou isso foi uma professora de lá – para que eles desocupem a escola”, criticou a parlamentar. Ela afirmou ainda que há policiais em frente a um colégio ocupado em Brasília.
Para a senadora, não se pode permitir que “esse tipo de fotografia” seja o retrato da democracia no País. “Nós já estamos vivendo uma situação de exceção no Brasil com tantas regras, normas, leis do Direito sendo vilipendiadas. E aí nós vamos expor as nossas crianças a uma situação dessas?”, questionou.
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