Delcídio: “Aqueles que investem em uma radicalização, de um lado ou do outro, estão sucumbindo a ideias esdrúxulas, exóticas” As eleições de 2014 fizeram com que o eleitorado brasileiro se dividisse. “A jovem democracia brasileira expôs essa arte do contraditório, e o povo, legitimamente, escolheu aquele modelo ou aquele conjunto de proposta que mais se coaduna com as suas esperanças, com as suas expectativas”, avaliou o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS). Em pronunciamento ao plenário nessa quinta-feira (9), ele pediu que a polarização entre “nós” e “os outros” seja superada.
“Preocupa-me muito, deverasmente, o que tem acontecido no Brasil nos últimos meses. O Brasil sempre foi um país tolerante, um país onde a sua gente, a sua população, sempre respeitou as diferenças: religiosas, políticas; diferenças que, em um país tão plural e tão diversificado, afloram naturalmente e levam as autoridades a tomar medidas no sentido de criar um país melhor e, especialmente, um país mais cidadão, mas o nível de intolerância que o Brasil tem vivido nos últimos meses é extremamente preocupante”, enfatizou.
O líder apelou para o bom-senso e pediu à oposição que aceite o resultado das eleições. ”Talvez não estejam compreendendo que todos nós vamos acabar sobrando no mesmo balaio: no balaio da desmoralização, no balaio da criminalização e no balaio do não à política”, disse.
O risco, no caso de permanência e consolidação desse clima de radicalização é de que surjam novos “salvadores da Pátria”, pessoas que nunca fizeram política e sem nenhuma experiência de diálogo. “Nós temos que tomar cuidado com essa radicalização. Ela vai acabar com todos nós, abrindo um ‘avenidão’ para algum aventureiro que pode se colocar como herói, que pode se colocar como o guardião da verdade, da moralidade, da ética e das boas qualidades de um país, quando nós temos pessoas com esse tipo de perfil em qualquer lugar, em qualquer profissão, inclusive na política”, alertou.
Humildade
Delcídio disse que parte importante desse processo de distensionamento entre governo e oposição é a reflexão. “O governo tem que ter humildade, capacidade de diálogo para ver o que é que não andou com a reforma realizada na semana passada. Quais são as dificuldades que ainda existem partidos? Vamos procurar resolvê-las, porque é absolutamente fundamental que o governo tenha uma base fiel na Câmara e no Senado para aprovar as medidas importantes para o país, de responsabilidade fiscal, de desenvolvimento que vão garantir estabilidade e as condições necessárias para crescimento”, disse.
Ele também apelou para que seja construída uma fazer uma reforma política séria, acabar com a judicialização da política e, principalmente, trabalhar por um projeto de país que una a todos.
O senador falou ainda sobre a decisão do Tribunal de Contas da União que rejeitou as contas da presidente Dilma Rousseff. Disse que, no Congresso, o parecer será analisado por técnicos da Casa, e que a decisão final sobre as contas da presidente será dos parlamentares. “O parecer do TCU tem que ser respeitado porque ele tem uma importância institucional e uma importância no sentido de balizamento de uma decisão, mas o mundo não acabou, um processo como esse não pode ser usado para outros desdobramentos, especialmente de pessoas que não aceitam uma eleição legitimamente vencida pela presidenta Dilma”, concluiu.
Giselle Chassot
Leia mais:
“Não vamos aceitar um golpe contra uma presidente democraticamente eleita”, avisa Lindbergh