Ministro da Fazenda e presidente do BC pedalam em Davos

Ministro da Fazenda e presidente do BC pedalam em Davos

Foto: Gian Ehrenzller/EPAMarcello Antunes

 

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nem se deu ao trabalho de mandar traduzir para o português os apontamentos apresentados hoje a investidores e especuladores reunidos em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. Confessou Ilan que o conjunto dos indicadores sugere um desempenho mais fraco da atividade econômica, a recuperação deve ser adiada por mais um período e se dar de maneira mais gradual do que a esperada.

O que disse, em inglês, Ilan: o Brasil sofreu um severo choque de oferta; esse choque levou à recessão e à alta da inflação, causado sobretudo pelo fim do período de ouro de 2011; durante o boom, as despesas públicas e privadas cresceram. Políticas anticíclicas – como as desonerações feitas a mais de 50 setores da economia – foram intervencionistas, gerando distorções; o Brasil enfrenta a recessão mais severa de sua história. Ilan completou que o PIB caiu 7% no último ano e meio e o desemprego atingiu 12%; o principal objetivo da política monetária ao longo de 2016 foi mantê-la apertada, ou seja, juros nas alturas.

Henrique Meirelles, ao falar aos investidores e especuladores globais, seguiu o roteiro do presidente do BC. Ambos deram uma pedalada ao dizer para a plateia que o crescimento do PIB depende do investimento e dos níveis crescentes de produtividade. Afirmaram, ainda, que o estoque de reservas internacionais de US$ 370 bilhões, o mesmo que o governo golpista quer evaporar, atua como uma cobertura de seguro contra movimentos do mercado. Eles não disseram que essa política começou quando Lula quitou a dívida com o FMI e o Brasil passou a guardar tais reservas.

Meirelles disse que o combate à crise depende da reforma da previdência. Quem acompanha sua agenda e dos demais secretários, chama a atenção da presença constante nos gabinetes do Ministério da Fazenda de executivos da Corretora XP Investimentos. Hoje mesmo se reuniram com o diretor de Regulação do BC. Há um mês, estiveram com o secretário de previdência social. No site da empresa, existe a seguinte propaganda, cuja foto traz um casal de idoso num carro conversível: “previdência privada é uma solução complementar à previdência social. Traga seu plano sem cobrança de imposto de renda”.

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