Senador elogiou ação coordenada, em São Paulo, que reúne os governos federal, estadual e municipal
Suplicy elogia programa de Braços Abertos, |
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) usou a tribuna no início da noite desta segunda-feira (02) para comentar a reportagem “Crack, a geografia do vício” publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no último domingo (1º). O texto destaque que o crack, tão viciante quanto danoso, alcançou 194 municípios paulistas, quase um terço do total. A solução deste quadro, na avaliação de Suplicy, está na atuação integrada entre os entes federados na busca de solução para esse problema de saúde pública. “É muito importante que possam os governos estaduais, municipais e o Governo Federal estarem cooperando para enfrentar essa situação”, disse.
O senador recordou visita que fez há duas semanas à região da capital paulista onde, nos arredores da Praça Júlio Prestes, os usuários de crack usualmente se concentram. Na ocasião, o parlamentar pôde conhecer in loco o resultado das ações dos governos federal, do governo paulista e da prefeitura de São Paulo. “Eu pude ali testemunhar que, felizmente, nesse assunto, o governo federal, o Ministério da Justiça, o ‘Programa Crack, é Possível Vencer’ – lançado pela Presidente Dilma Rousseff –, o ‘Programa Recomeço’ – programa estadual do Governador Geraldo Alckmin –, e o ‘Programa De Braços Abertos’ – do Prefeito Fernando Haddad – estão funcionando em cooperação um com o outro,” relatou o senador.
Suplicy resgatou ações que o poder público tem levado adiante na cidade de São Paulo para prestar assistência às pessoas que sofrem como dependentes químicos do crack, droga descrita na reportagem como o pó da canela do diabo.
O Programa de Braços Abertos mereceu detalhada explicação e ocupou grande parte do discurso do senador. Essa ação que a Prefeitura de São Paulo leva adiante na região central da capital paulista garante aos viciados que buscam voluntariamente por tratamento moradia, alimentação, trabalho e renda. Isso sob um mínimo de exigências como contrapartida “A moeda de troca foi a palavra e a vontade manifesta”, comentou. “Foi surpreendente que na primeira semana 316 pessoas aderiram ao programa, e é mais surpreendente ainda que hoje, com 350 pessoas, após um mês de seu início, 60% dos inscritos no trabalho de varrição continuem no Programa.”
No Braços Abertos, conforme dados da Prefeitura de São Paulo citados por Suplicy da tribuna, o custo per capita é de R$1.086,00 mensais, um salário mínimo e meio. O valor é referente ao trabalho, moradia e alimentação. “Mais barato e mais eficaz que as tradicionais clínicas e comunidades terapêuticas”, avaliou o senador ao destacar que essa ação não tem como foco o combate à droga. “O Programa parte do reconhecimento da extrema desvantagem e vulnerabilidade dessas pessoas, como já mostraram as experiências brasileiras da Reforma Psiquiátrica”, esclareceu.
O programa, segundo o parlamentar, busca a produção da autonomia das pessoas cadastradas. “Daí que, para os próximos passos, a moradia precisa evoluir para programas de aluguel social que relacionam o valor do aluguel a uma porcentagem da renda obtida e não submetida à pressão do mercado imobiliário, para, dessa forma, dar consistência e continuidade ao programa.” E a ação se estende à revitalização urbana. “Quem for à região, como pude ali verificar, pode verificar a mudança. No entanto, está sendo pensada a sua continuidade com o embelezamento do local, iluminação, jardinagem, etc. E quem está fazendo isso são os próprios usuários contratados.”
Suplicy anunciou, ao final do discurso, que dois dos seus filhos, os músicos Supla e João Suplicy se comprometeram a fazer show na região frequentada pelos usuários do crack de São Paulo. A dupla forma o conjunto “Brothers of Brazil” e se dispôs a fazer a apresentação num final de semana, a exemplo da rotina que grupos artísticos, de músicos e poetas têm repetido nas tardes dos sábados e dos domingos. O show será em atenção a pedido que o senador ouviu quando, há duas semanas, esteve no centro da cidade para conhecer as ações que o poder público leva adiante para auxílio aos dependentes químicos.
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