Temer e Meirelles prestam contas ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos

Temer e Meirelles prestam contas ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos

No encontro do G-20, Jacob J. Lew fez um elogio ao governo golpista, dizendo que acredita na recuperação da confiança do País. Será?Antes da reunião ministerial convocada pelo presidente ilegítimo Michel Temer para a tarde desta terça-feira (27), quando deverá separar a cabeça do corpo do ministro falastrão da Justiça, Alexandre de Morais, acontece o encontro mais importante da agenda presidencial golpista: prestar contas ao todo poderoso secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jacob J. Lew. Às 14h30, Lew estará no Ministério da Fazenda, para ouvir em separado Henrique Meirelles sobre quais medidas efetivas foram implantadas até agora para recuperar a economia e ajustar as contas fiscais. Jacob J. Lew deve sair dos encontros e reportar ao governo americano que as coisas estão desnorteadas.

Por exemplo: um ministro – da Justiça – antecipou numa campanha política uma operação sigilosa da Polícia Federal para prender o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, enquanto que o juiz que acompanha o caso, de Curitiba, afirmou ser normal realizar a prisão desse ex-ministro sem provas. What? Then i’ll explain (depois te explico).

Jacob J. Lew sairá de mãos vazias quando ouvir que a reforma da previdência, para jogar o prejuízo nas contas dos trabalhadores mais pobres e contribuir para o ajuste fiscal só será encaminhada para o Congresso no começo de novembro. E sua aprovação, se ocorrer, só em 2017. A reforma tributária, nada a comentar e nada no horizonte. Sobre terceirização, também dependerá do “apoio” do Congresso brasileiro a essa causa. Quanto à PEC 241 que congela os gastos públicos, nada. E o projeto que garante a venda de terras para estrangeiros. Nada também.

A notícia que interessa virá da área de energia e Lew certamente já a conhece. Temer e Meirelles deverão elogiar o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pelos bons serviços que têm prestado na estratégia de desmontar a mais importante empresa pública brasileira.

Isso porque Lew deve ter lido os jornais desta terça-feira que reportam, graciosamente, que Pedro Parente criticou a fantasia de conteúdo nacional implantada pelos governos democráticos de Lula e Dilma como forma de fortalecer a indústria nacional. Para os Estados Unidos, Parente is a wonderful (maravilhoso), porque no encontro realizado no quartel general do golpe, a Fiesp, afirmou com todas as letras que “essa política não fez bem ao país”. Para exemplificar, Parente citou um caso dentre vários para impressionar os presentes, dizendo que, por força do conteúdo local, uma plataforma veio com preço 40% acima do valor que “avaliamos que custaria”. Lew deve ter adorado essa declaração.

No último encontro de Jacob J. Lew com Meirelles, durante o G-20, que Temer corria o risco de não comparecer porque Dilma Rousseff – a presidenta eleita –  estava sendo julgada pelo Senado Federal, o americano expressou admiração pela recuperação da confiança no Brasil em um curto espaço de tempo como resultado do ajuste fiscal.

Incrível é constatar que quem falou por Lew foi Meirelles, ao dar entrevistas reportando à imprensa amiga o que o secretário do Tesouro americano estava achando de tudo isso.

Na ocasião, Lew foi pragmático ao enfatizar que os Estados Unidos têm interesse prioritário em aprofundar as relações com o Brasil nos campos financeiro e comercial, sobretudo neste momento em que a queda do risco país tem sido “muito forte”.

Falando pelo secretário do Tesouro americano, Meirelles dourou a pílula ao dizer que “o Brasil é um parceiro da maior importância, e os Estados Unidos estão acompanhando com muita atenção o que está acontecendo no País e têm interesse de que as coisas caminhem da melhor maneira possível”.

Pois bem, perguntaria Lew a Meirelles e a Temer hoje: porque o BC aumentou a projeção de déficit em conta corrente para US$ 18 bilhões ante a previsão de US$ 15 bilhões. Porque os gastos de brasileiros no exterior estão 18% abaixo do que era em janeiro de 2015? Porque o superávit da balança comercial foi revisto para baixo, de US$ 50 bilhões para US$ 49 bilhões? As coisas não estão nada bem, deve reportar Lew a seus superiores.

Marcello Antunes

To top