Defesa da Democracia

Um mês após ataques, democracia se mostra ainda mais forte

Ao contrário do que previam apoiadores do ex-presidente, a democracia se mostrou resiliente após os ataques de 8 de janeiro. "Estaremos sempre em defesa da democracia e de suas instituições", destacou a senadora Teresa Leitão
Um mês após ataques, democracia se mostra ainda mais forte

Foto: Reprodução

No último dia 8 de janeiro, o Brasil presenciou um cenário de horror na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Arruaceiros bolsonaristas deixaram vidros quebrados, obras de arte destruídas, móveis danificados e até incêndios no Palácio do Planalto, na sede do Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.

Mas, apesar da tentativa de consumação de um golpe de Estado que impedisse o curso do mandato legitimamente conquistado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o resultado foi completamente inverso. Nos 30 dias que sucederam os ataques golpistas, a democracia brasileira se mostrou ainda mais forte.

“No dia 8 de janeiro, a sede dos nossos poderes foi invadida e vandalizada por pessoas que desrespeitam o povo e o Brasil. Um mês depois, seguimos firmes trabalhando na defesa da democracia, união e reconstrução do país”, disse o presidente Lula. “A democracia é o patrimônio mais precioso da população brasileira. E a justiça será firme contra quem tentar tirá-la do povo”, completou o presidente.

A reação das instituições foi implacável com os conspiradores e terroristas bolsonaristas. Desde o dia 8 de janeiro, a busca pelos arruaceiros, seus financiadores, mentores políticos e até policiais e militares que tenham facilitado a ação segue.

Na última terça-feira (7), por exemplo, quatro novos suspeitos de participarem, de alguma maneira, das ações que culminaram na destruição das sedes dos Três Poderes foram para a prisão. A Operação Lesa Pátria, instalada pela Polícia Federal após os atos, já contabiliza 20 presos. Dentre os presos, está o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres. A ação também cumpriu 37 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos golpistas.

De acordo com levantamento do jornal O Globo, 965 pessoas foram detidas em flagrante no acampamento bolsonarista em Brasília. Eles fazem parte do grupo de mais de 1.400 pessoas levadas para a cadeia logo após os episódios de violência.

“Um mês depois dos atos golpistas, vale ressaltar o valor da democracia, que esteve sob ameaça com os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Estaremos sempre em defesa da democracia e de suas instituições. Seremos sempre resistência”, destacou a senadora Teresa Leitão (PT-PE).

A Procuradoria Geral da República (PGR) também voltou a ser mais atuante e cumprir com seu papel. Nos últimos 30 dias, a PGR denunciou 653 pelas condutas golpistas dos apoiadores de Jair Bolsonaro.

“Hoje faz um mês do mais grave atentado à democracia desde o fim da Ditadura Militar. Invadiram a sede dos Três Poderes e deixaram um rastro de destruição e de prejuízos ao patrimônio público. Quebraram estruturas, mas a nossa democracia segue inabalável”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

Enquanto os poderes da República se mostram cada vez mais unidas em defesa da democracia brasileira, as investigações se aproximam cada vez mais do ex-presidente. O ministro Alexandre de Moraes incluiu o Bolsonaro no inquérito sobre a autoria dos atos golpistas, depois de ter postado – e apagado – um vídeo questionando o resultado da eleição das redes sociais.

Também foi divulgada pelo Brazilian Report, no dia de ontem, que o hacker Walter Delgatti Neto confirmou ter tentado invadir o celular do ministro Alexandre de Moraes. Em áudios, Delgatti tenta convencer uma pessoa a ajudar no plano e promete um valor de R$ 10.000, a ser pago em bitcoin. Na reportagem, o hacker ainda afirma trabalhar para a deputada federal Carla Zambelli, aliada de Bolsonaro, desde agosto de 2022.

“Democracia, sempre! Ela é patrimônio de todos os brasileiros. Atacá-la, jamais! A nossa justiça será firme contra quem tentar destrui-la”, disse o senador Paulo Paim (PT-RS).

Trabalho de reconstrução e recuperação prossegue
Os terroristas que vandalizaram os prédios públicos também mostraram ter apreço zero pelas artes. Além da estrutura dos prédios públicos e móveis, foram destruídas e vandalizadas obras de arte e peças raras. É o caso do relógio trazido Dom João 6º em 1808 e um painel de 3 metros de Di Cavalcanti.

Foto: Agência Senado

O governo Lula estima que o prejuízo será de mais de R$ 8 milhões só para recuperar as obras que estavam no Palácio do Planalto. Ainda há as obras que estavam no STF e no Congresso. Parte do acervo artístico destruído sequer poderá ser reconstruído.

“O que fizeram no dia 8 de janeiro é uma agressão a todos nós, é uma agressão aos brasileiros. Não é só um prédio sendo depredado. É um símbolo do que somos, da nossa pátria”, disse Rogério Carvalho (PT-SE), primeiro secretário do Senado Federal.

Na última quinta-feira (2), houve a entrega da primeira obra restaurada no Senado Federal. O quadro Trigal na Serra, de Guido Mondin, que fica na Sala de Recepção da Presidência do Senado, foi uma das 14 obras de arte danificadas durante a invasão ao Congresso.

“Essa tela representa, primeiro, a demonstração da nossa capacidade de recuperação. É também um símbolo de que a democracia está de pé e de que nós somos capazes de reestabelecer a democracia, apesar do que, em  algum momento, quiseram tomá-la de assalto”, disse o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado.

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