Show grotesco da Câmara não representa conjunto da sociedade, diz Paulo Rocha

Show grotesco da Câmara não representa conjunto da sociedade, diz Paulo Rocha

Paulo Rocha: “Menos de 7% dos deputados representam a vontade direta do eleitor, numa legião de desconhecidos”O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), disse nesta quinta-feira (28), em plenário, que o circo de horror político registrado no último dia 17, na Câmara dos Deputados, ainda choca as redes sociais e a imprensa estrangeira, apesar de já ter sido deixada de lado pela imprensa dominante nacional.

O senador lembrou que a ausência de crime para justificar o voto foi coberta por evocações religiosas, honras a familiares, exaltações a categorias profissionais, inclusive a torturadores da ditadura militar.

“O mundo ainda se pergunta: como pode um réu no STF, dono da maior ficha corrida da história do Congresso Nacional, comandar parlamentares sob suspeição para condenar uma presidenta da República que não é alvo de investigação? “, questionou.

O líder ainda classificou como “show grotesco” a votação realizada na Câmara que, segundo ele, foi rapidamente traduzido por especialistas da imprensa brasileira como espelho fiel da Câmara dos Deputados. Porém, o senador discorda. Para ele, trata-se de mais um desserviço do oligopólio de imprensa do País. “Essa conclusão rasteira é mais uma das tantas criadas para encobrir que as maiores empresas desse ramo trabalham diariamente pela destituição da presidente da República”, enfatizou.

A falta de cultura política a que assistimos, de acordo com o senador, não representa de forma alguma o povo brasileiro. Do contrário, não teria causado tanta estranheza e decepção.

O senador lembrou ainda que o Congresso Nacional – que nunca teve índices tão baixos de credibilidade na população -, até agora assistiu ao processo de impeachment enredado pela teia de vantagens e favores do presidente da Câmara. “E todos nós temos nossa parcela de culpa”, disse.

Além disso, o senador lembrou que o Congresso continua a ignorar uma das principais demandas das manifestações de 2013, aplicando remendos na legislação político-partidária. “O resultado é que, apesar de alguns avanços, como a proibição para empresas financiarem candidaturas, acabamos gerando um Frankenstein. O Brasil continua pedindo uma ampla reforma para evitar a monstruosidade de eventos como a votação da Câmara, que envergonha cada um de nós parlamentares”, salientou.

Outro dado que remete à necessidade de uma reforma política mais profunda, citada pelo senador mostra que dos 513 deputados que integram a atual composição da Câmara, apenas 35 conquistaram seus mandatos com seus próprios votos. Menos de 7% hoje representam a vontade direta do eleitor, “numa legião de desconhecidos comandados por um deputado que oito, em cada dez brasileiros, querem ver cassado – e, se possível, na cadeia”.

Aqueles que pretendem encurtar o mandato democrático da presidenta Dilma, segundo Paulo Rocha, não pretendem apenas derrubar Dilma. Eles pretendem acabar com um governo que teve coragem para tomar a decisão política de priorizar as demandas e necessidades das classes mais pobres, rompendo com a lógica vigente por mais de 500 anos de favorecer a minoria endinheirada.

“Um modelo de governo que deu maior atenção aos estados mais pobres, e não atender às demandas dos estados mais ricos, um governo que recebeu a atenção e o respeito global por ter impulsionado a ascensão social de mais de 40 milhões de pessoas, um governo que tirou o Brasil do mapa da fome”, elencou.

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