O presidente Lula está preocupado com o Brasil. Confinado em uma cela, na sede da Polícia Federal de Curitiba, ele acompanha, apreensivo, a deterioração da economia e a consequência dessa estagnação na vida da maioria dos brasileiros e orienta os parlamentares, dirigentes e técnicos próximos ao PT e do campo progressista a intensificarem estudos e formulação de propostas para um programa de governo que possa tirar o País da crise.
Foi com esse estado de espírito que Lula recebeu, na tarde desta quinta-feira, as primeiras visitas de fora de seu círculo familiar e equipe de advogados. Um acordo firmado entre a defesa do ex-presidente, a Polícia Federal e a juíza de Execuções Penais Carolina Lebbos assegurou que a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, passassem cerca de uma hora com Lula.
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“Ele está estarrecido com a situação do País”, contou Gleisi. O quadro revelado pela mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegaram ao ex-presidente e o inquietam. O homem que comandou o governo capaz de gerar 20 milhões de empregos formais em oito anos, revela-se preocupado com a deterioração da economia, com os 13,7 milhões de desempregados registrados atualmente no Brasil. “Como se justifica que o salário mínimo, que subiu por 11 anos consecutivos acima da inflação, estar a dois anos sem ter sequer um reajuste que reponha as perdas inflacionárias”, ressaltou Gleisi Hoffmann, falando aos repórteres após a visita.
[blockquote align=”none” author=”Ex-governador Jaques Wagner”]“Não existe Plano B, nem C, nem Y, nem Z. Nós vamos com ele até o fim da linha, que eu espero que seja 7 de outubro, com ele sendo candidato”[/blockquote
Autoridade para cobrar
A Estagnação do Produto Interno Bruto, cada vez mais evidente e cristalizada, a incapacidade de Temer de reverter a espiral ascendente do desemprego e a explosão da dívida pública, que em 24 meses do atual governo saltou de 39% do PIB para 52% do PIB, são fatos que, para Lula, exigem uma explicação dos atuais ocupantes do poder. Afinal, foi em nome da retomada dos investimentos — a “restauração da confiança dos investidores” — e da contenção da dívida que os maestros do golpe tangeram o País no rumo arriscado e de consequências imprevisíveis da ruptura institucional materializada no impeachment.
“Eles diziam que bastava tirar Dilma e o PT”, lembra Gleisi. Lula tem autoridade para fazer essas cobranças. Afinal, ao assumir o governo, em janeiro de 2003, encontrou uma dívida líquida de 60% do PIB e conseguiu derrubá-la para 38%. Dilma, com todas as dificuldades econômicas e sabotagens que enfrentou, conseguiu segurar essa dívida, cujo patamar era de 39,2% quando foi afastada do governo — um crescimento de irrisórios 0,05% ao mês, ao longo de 65 meses. Temer, nos 21 meses já aferidos de seu governo, fez a dívida crescer para 52% do PIB, o que significa um acréscimo de 1,4% ao mês. “Não eram eles que iam consertar o Brasil?”.
Com ele até o fim
Jaques Wagner, amigo muito próximo de Lula há 40 anos, testemunhou a indignação de Lula com a injustiça que está sofrendo — uma condenação sem provas que a cada desdobramento se mostra mais frágil. “Ele tem um senso de Justiça muito forte, inspirado em D. Lindu” (a mãe do ex-presidente). Tão doloroso quanto isso, porém, é ver a qualidade de vida dos brasileiros sendo destruída. “Lula é um apaixonado por gente, pela obra política e social que construí no governo. Machuca muito ver a desigualdade voltar a crescer, ver o País voltar ao Mapa da Fome da ONU”, relata Wagner.
Esse compromisso de Lula com o povo brasileiro e sua capacidade única de liderar a as transformações do País, ressalta Wagner, é que fazem dele o candidato certo para as necessidades do Brasil. “Não existe Plano B, nem C, nem Y, nem Z. Nós vamos com ele até o fim da linha, que eu espero que seja 7 de outubro, com ele sendo candidato.
Solidariedade
Lula continua muito bem informado sobre o que acontece no País e manifestou especial tristeza com o desabamento do edifício ocupado por famílias sem teto, no feriado do 1º de Maio, em São Paulo. A Gleisi, ele pediu que levasse um recado às vítimas expressando sua solidariedade.
Mais do que isso, encomendou à presidenta do PT que reunisse os expoentes da área de habitação ligados ao partido ou a seus dois governos — citou nominalmente o arquiteto Jorge Hereda e a economista Míriam Belchior, ex-presidentes da Caixa Econômica, e as urbanistas Hermínia Maricato e Rachel Rolnick — para que comecem a discutir novas propostas para o setor de moradia popular, que ia de vento em povo nos governos petistas, com o Minha Casa, Minha Vida.
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