Os senadores da bancada do PT reagiram com indignação às manifestações de apoio ao nazismo ocorridas nos últimos dias. Na segunda-feira (9), o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu, durante episódio do Flow Podcast, a criação de um partido nazista no Brasil.
Na oportunidade, o deputado federal Kim Kataguiri chegou a afirmar que grupos radicais ganham força com o cerceamento de ideias extremistas em detrimento da defesa da liberdade de expressão.
“A normalização do discurso do ódio sob o argumento da defesa da ‘liberdade de expressão’ se espalha a uma velocidade surreal. Ou combatemos esse mal ou a nossa democracia pagará um preço muito caro. Casos como os de Adrilles, Kim Kataguiri e Monark não podem passar impunes”, afirmou o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada.
Na noite de ontem (8), o comentarista da Jovem Pan TV, Adrilles Jorge, se despediu dos espectadores ao final do programa com um aceno de cunho nazista, gerando visível mal-estar entre os colegas de estúdio.
“É preocupante que pessoas ditas influenciadoras defendam abertamente a criação de um partido nazista. Essa ideologia autoritária, segregadora e intolerante é inaceitável, além de criminosa. Precisamos de respeito e de harmonia entre os diferentes. É isso que cabe na democracia”, argumentou o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Wagner também é autor de requerimento para realização de sessão homenagear e relembrar as vítimas do holocausto. O evento ocorrerá na próxima quinta-feira (10).
“Para que nunca mais aconteça, precisamos combater todo tipo de segregação e intolerância”, destacou o senador.
O senador Paulo Paim (PT-RS) destacou trecho da manifestação da Confederação Israelita do Brasil (Conib) na qual condena de forma veemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”.
“O nazismo matou 6 milhões de pessoas. Ferir a existência de uma pessoa não é liberdade de expressão. Nazismo não é liberdade de expressão, é crime”, enfatizou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) reforçou o fato de que “discurso de ódio não é opinião ou liberdade de expressão” e destacou que, no fato, a prática é crime enquadrado no artigo 20 da Lei 7.716/1989.
“As liberdades democráticas não se prestam a defender ideologias nefastas que exterminaram milhões de vidas como o Nazismo”, disse.
As manifestações de Monark e Adrilles não são as únicas defesas explícitas do nazismo ocorridas nos últimos anos. Integrantes do governo Bolsonaro e o próprio presidente também já fizeram gestos alusivos ao regime. O ex-ministro da Cultura, Roberto Alvim, gravou um vídeo cheio de referências nazistas. O ex-assessor da Presidência da República, Filipe Martins, fez um gesto supremacista em plena sessão do Senado. Já Bolsonaro apareceu em suas lives semanais com um copo de leite, outro gesto supremacista.
“É hora de dar um basta. A defesa da normalidade e legalidade de um Partido Nazista no Brasil é mais do que ignorância política. É resultado de um governo que propaga o ódio e abre espaço para radicais”, disse o senador Jean Paul Prates (PT-RN).
Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que “defender a existência de um partido nazista é assinar um atestado de irresponsabilidade, desrespeito e um crime. É fundamental defender a democracia”.
O senador ainda anunciou que, ao lado da bancada do PT na Câmara dos Deputados, entrará com um pedido de cassação do mandato de Kim Kataguiri junto ao Conselho de Ética. “É inaceitável que alguém eleito pelo voto defenda o nazismo, um regime que matou mais de seis milhões de judeus. Quem jura defender a Constituição não pode ultrajar, exaltando sistemas genocidas, valores que para ela são sagrados, como a dignidade humana e o direito à vida”, destacou.