“A realidade no Brasil ficará muito difícil”. Esse foi o alerta feito pelo senador Paulo Paim (PT-RS), nesta segunda-feira (9), ao destacar relatório da Consultoria Mercer, que aponta lucro de R$ 480 milhões por parte dos bancos, nos próximos dez anos, em decorrência das novas regras previdenciárias aprovadas neste ano. O estudo foi feito a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
As novas regras para aposentadoria oriundas da reforma da Previdência de Bolsonaro reduzirão os valores das aposentadorias e devem obrigar os trabalhadores a pouparem por conta própria. De acordo com o estudo – baseado em reformas similares de outros países -, as novas regras resultaram na transferência de 60% para bancos privados do valor que foi reduzido nos pagamentos feitos pelo Estado.
“A quem interessa fazer com que a Previdência, de fato, vá a falência? Só interessa àqueles que querem, ali na frente, aplicar o regime de capitalização. Como foi feito no Chile”, destacou o senador.
Nos anos 80, o Chile promoveu a privatização do sistema previdenciário. A proposta de desestatização no Chile nasceu sob a justificativa de que iria auxiliar no crescimento econômico. De acordo com Andras Uthoff, professor da Universidade do Chile, atualmente, cerca de 80% das aposentadorias pagas no Chile estão abaixo do salário mínimo e 44% estão abaixo da linha da pobreza.
O Ministério da Saúde do Chile, em parceria com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), publicou estudo mostrando que entre 2010 e 2015, 936 adultos maiores de 70 anos tiraram sua própria vida. No caso dos maiores de 80 anos, em média, 17,7 a cada 100 mil habitantes recorreram ao suicídio. Com isso, o Chile ocupa atualmente a primeira posição entre número de suicídios na América Latina.
“Estamos assistindo à situação de desespero do Chile, onde a maioria [dos aposentados] recebe um benefício [previdenciário] correspondente a meio salário mínimo e o governo é quem precisa dar uma ajuda, uma espécie de Bolsa Família. E uma das indignações é o arrocho salarial imposto e os benefícios que são vergonhosos naquele País. O Brasil está entregando todo um manancial social de possibilidade de crescimento e lucro para o sistema financeiro. É lamentável”, alertou.