
Foto: Agência Brasil
A redução da taxa de juros praticada no Brasil foi defendida nesta quinta-feira (23) por parlamentares da bancada do PT no Congresso Nacional. Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fabiano Contarato (PT-ES) e Paulo Paim (PT-RS) afirmaram que a manutenção da taxa Selic em 13,75%, anunciada ontem pelo Banco Central, paralisa a economia do país.
“Isso enfraquece a economia, o crédito e leva para o caminho do desemprego. Temos que ter uma política geradora de empregos, e não geradora de desemprego. Famílias inteiras estão endividadas. A miséria e a pobreza aumentam. O país precisa construir políticas públicas humanitárias para atender a nossa gente tão sofrida”, apontou o senador Paulo Paim.
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O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, também se manifestou acerca do anúncio feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Para ele, o Banco Central segue um caminho perigoso ao não considerar as consequências graves que a política regressiva adotada pela autarquia tem trazido ao país.
“A nenhuma instituição, a pretexto de decisão supostamente ‘técnica’, é dado sabotar os interesses legítimos do país. Aliás, mesmo decisões técnicas estão sujeitas a críticas e pontos de vistas divergentes, e é assim que o debate democrático é construído”, destacou.
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A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, apontou em entrevista ao UOL a inexistência de decisão econômica dissociada da política. Para ela, a decisão do Banco Central de manter a taxa de juros elevadas obedece à lógica do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de atender interesses do mercado financeiro em detrimento da geração de empregos e do crescimento.
“Temos juros reais de quase 8% ao ano”, denunciou Gleisi. “Qual é o empresário que vai investir se o dinheiro dele aplicado rende isso?”, perguntou. “Ninguém vai correr risco, o dinheiro fica parado e ele ganha bem, em cima de títulos públicos, de investimentos. Só que quem sofre é o país”, lamentou.
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Juros sufocam setor produtivo
Durante pronunciamento ao plenário, Paulo Paim ainda lembrou do ex-vice-presidente da República, José Alencar, a quem chamou de “a maior liderança da América Latina no setor têxtil”, e destacou a luta do empresário pela redução das taxas de juros praticadas no Brasil.
“Grande gerador de emprego e renda, ele sabia muito bem do que falava, tinha conhecimento de causa”, disse. “A política econômica e a política monetária devem ser orientadas também para o bem de todos: homens, mulheres, crianças, brancos, negros, índios. Os juros atuais, sem sombra de dúvida, sufocam o setor produtivo, asfixiam o consumidor”, emendou.
A redução dos juros, de acordo com Paim, abre janelas de oportunidades e permite que investimentos sejam conduzidos para o setor produtivo e não para a especulação financeira. Também proporciona o aumento consumo aumente, já que a obtenção de crédito fica mais barato e, por fim, mais pessoas passam a ter condição de comprar, girando a roda da economia.
“Nesse sentido, todos vão ganhar: se o povo compra, o empresário produz, lucra, e é legítimo, e a qualidade de vida de todos aumenta”, comentou.
O setor público também se beneficiaria significativamente com um novo olhar sobre os juros praticados no país. O Estado brasileiro teria mais recursos para investimento na área social, levando o Brasil para o caminho do progresso, do crescimento e do desenvolvimento do país.
“O Brasil precisa reduzir a taxa de juros. É uma necessidade, é vida, é progresso, repito. A economia brasileira precisa ser dinamizada para que haja mais produção, mais empregos. Precisamos ter foco, temos que ter como farol a distribuição de renda”, salientou Paim.
Gleisi também apontou o estrago que os “juros na estratosfera” trazem para o Brasil, prejudicando a capacidade de investimento tanto do setor público, quanto do setor privado, essencial para o desenvolvimento do Brasil.
“Óbvio que o poder público tem de investir, e o presidente Lula está firme nisso, vai fazê-lo, [afinal] o investimento público é multiplicador, mas precisamos do investimento privado”, argumentou.