Agência Brasil

Manifestantes golpistas durante invasão aos prédios da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023
Os senadores do PT se manifestaram em defesa da democracia, lembrando as atrocidades cometidas durante a ditadura militar e pedindo a devida responsabilização daqueles que atentaram contra as instituições da República por uma nova ruptura, nesta segunda-feira (31/3), data que marca os 61 anos do golpe militar.
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), lembrou que a ditadura militar instalada em 1964 “mergulhou” o Brasil numa ditadura que durou mais de duas décadas e, além de destruir vidas, manchou a história do país.
“Hoje, 61 anos depois, ainda enfrentamos tentativas de grupos antidemocráticos que querem reescrever essa tenebrosa história. Querem apagar os crimes da ditadura, transformar ditadores em heróis e a violência em ‘revolução’. Não vamos permitir”, alertou.
Para Rogério, além de lembrar das crueldades cometidas durante o período ditatorial, é fundamental manter constante vigilância para garantir a continuidade de uma democracia forte no Brasil.
“Lembrar é um ato de resistência. É garantir que nunca mais a democracia seja destruída. Por isso, seguimos na luta para que o Brasil jamais volte a ser governado pela força das armas, mas pela vontade soberana do povo. Ditadura nunca mais”, completou o líder.
Já a senadora Teresa Leitão (PT-PE) lembrou que a ditadura militar deu início a um dos “períodos mais sombrios do Brasil”. E, para ela, virada essa página, é fundamental não permitir que o processo democrático seja novamente interrompido no país.
“Em 31 de março de 1964, foi iniciado um dos períodos mais sombrios do Brasil. O então presidente da República, João Goulart, foi deposto pelos militares. Durante 21 anos, a tortura, a perseguição, a censura, o medo e a morte interromperam o processo democrático em nosso país. Viramos essa página da nossa história, e não permitiremos que ela volte. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, disse a senadora.
O presidente nacional do PT, senador Humberto Costa (PE), também destacou a importância de relembrar o passado, mas apontar para o futuro e a necessidade de responsabilização de todos que participaram da tramoia golpista que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Ditaduras matam, ditaduras vivem da morte. Hoje, quando se completam 61 anos do trágico golpe de 1964, é um dia de lembrar, como nunca, do 8 de janeiro de 2023 e da necessidade de que sejam processados e julgados, na forma da lei, todos os responsáveis por aquele terrível ataque”, afirmou Humberto.
O líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), foi na mesma linha e apontou para a importância de lembrar “de um passado que não queremos mais”.
“O dia 31 de março serve pra gente lembrar de um passado que não queremos mais. Um passado que não pode se repetir. Nessa data, que marcou o início do golpe militar no Brasil, reafirmamos a defesa incondicional da democracia e do diálogo como instrumento de ação política. Ditadura nunca mais”, enfatizou Wagner.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que a defesa da democracia “é um dever diário”, pois é ela que garante liberdade, direitos e dignidade.
“Que a memória siga viva para que jamais se repitam os erros do passado”, destacou.
Senado promoveu debate sobre a ditadura
O Senado relançou nesta segunda-feira a coleção “História da Ditadura: do golpe militar à redemocratização”. O evento ocorreu como parte de um seminário sobre o golpe de 1964 e suas consequências, e contou com a participação de historiadores, jornalistas e pesquisadores.
O relançamento é resultado de uma parceria entre o Conselho Editorial do Senado e o Projeto República, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Presidente do Conselho Editorial do Senado, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) destacou a importância da coleção.
“Estes 40 anos [da redemocratização] são a maior conquista civilizatória deste país. Nossa história republicana nunca teve um período tão longevo sob a égide da mesma Constituição, sob a égide do Estado Democrático de Direito. Há uma geração inteira que não lembra o que era o arbítrio, que não lembra o que era o Estado de exceção. [A coleção é importante] para não deixar esquecer isso, para que isso nunca mais volte a acontecer”, disse Randolfe.
A coleção conta com três livros. Um deles é “1964 Visto e Comentado pela Casa Branca”, de Marcos Sá Corrêa. Essa obra analisa documentos oficiais dos Estados Unidos sobre o golpe de 1964, destacando a visão da Casa Branca sobre a queda do ex-presidente João Goulart.
A segunda publicação é “Sessenta e Quatro: Anatomia da Crise”, de Wanderley Guilherme dos Santos. O livro examina os fatores internos e externos do colapso democrático, ressaltando a polarização entre progressistas e conservadores, além do papel das elites e das instituições.

Também integra a coleção o livro “1964: Álbum Fotográfico de um Golpe de Estado”. Essa publicação, organizada por Heloisa Starling, Danilo Marques e Livia de Sá, reúne 71 imagens que ilustram a radicalização política e os bastidores do golpe de 1964, desde a preparação dos conspiradores e a propaganda anticomunista até os movimentos das tropas e a deposição de João Goulart.