Este último dia de agosto marca o segundo aniversário do golpe parlamentar que depôs Dilma Rousseff. Sem bolo nem vela, a data talvez passe sem festa até para os mais ardentes partidários do impeachment. Afinal, como celebrar 12,3% de desemprego — 13 milhões de brasileiros sem trabalho —, economia estagnada e mais 2 milhões de pessoas que retornaram à pobreza e à pobreza extrema nesses 24 meses?
O líder do PT, Lindbergh Farias, lembra as promessas feitas pelos partidários do golpe, na época do afastamento da presidenta.
“Diziam que bastava tirar Dilma para resgatar a confiança dos empresários, que iam voltar a investir e a economia ia se recuperar”. O resultado, porém, é o oposto: a política de arrocho que Temer e seus aliados venderam como remédio contra a crise é um fracasso.
Números eloquentes
Os indicadores registrados desde o golpe são implacáveis: a taxa de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto caiu de 20%, em 2014, para 15,6%, em 2017—a menor já registrada. A dívida pública líquida subiu de 36,7% do PIB, em 2014, para 53, 4%, em 2017. Em 2018, o déficit primário deverá ficar em torno de R$ 150 bilhões.
São números eloquentes, que ganham mais veemência quando se vê seu efeito na vida das pessoas: os rendimentos da população 5% mais pobre caíram 38%, em 2017, segundo os dados da PNADC do IBGE.
Entre os 50% mais pobres, o recuo foi de 2,45%. O número de brasileiros e brasileiras na extrema pobreza aumentou em 1,5 milhão, entre 2016 e 2017, e o número de pessoas na pobreza cresceu em quase 500 mil, no mesmo período.
Contra o povo
“O golpe continua destruindo o País e está matando nosso povo”, resume Lindbergh Farias. No primeiro trimestre de 2018, a taxa de desocupação no Brasil saltou de 11,8% para 13,1%.
Neste período, o País perdeu 400 mil postos com carteira assinada e 650 mil ocupações informais — só no emprego doméstico, foram extintas 167 mil vagas. “Lula e Dilma tinha tirado 32 milhões de pessoas da pobreza extrema”, lembra o senador.
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), as medidas adotadas por Temer e seus aliados tendem a aprofundar cada vez mais a calamidade. “O congelamento dos investimentos sociais por 20 anos e a reforma trabalhista travaram o País”.
“O número de miseráveis, de pobres no Brasil dobrou, o desemprego atinge 13 milhões de pessoas, o patrimônio brasileiro está sendo dilapidado por um governo que não passou nas urnas”, completa o senador Jorge Viana (PT-AC).
Especialmente cruel
O senador Humberto Costa (PT-PE), líder da Oposição, aponta um aspecto especialmente cruel do golpe: o desmantelamento de um processo de crescimento econômico na região mais carente do País, o Nordeste.
O estado do senador, Pernambuco, por exemplo, chegou a crescer a “níveis chineses” durante os governos petistas. Somente em 2010, o Produto Interno Bruto pernambucano cresceu 9,3%. Em 2016, ano do golpe, a economia de Pernambuco encolheu 5,3%.
“O Nordeste, que já alavancou os índices de crescimento nos governos Lula e Dilma, enfrenta agora uma queda vertiginosa em vários dos seus indicadores econômicos e sociais. O desemprego na região, inclusive, já atingiu um patamar superior ao da média do país”, lamenta Humberto.
O putsch jurídico-parlamentar sacramentado em 31 de agosto de 2016 não salvou a economia, não devolveu a esperança ao povo, não livrou o País da corrupção.
Seu único resultado foi facilitar a entrega do patrimônio público e a retirada de direitos, pois nem o projeto político que comandou impeachment sem amparo na Constituição terá continuidade, do ponto de vista eleitoral, como ressalta Dilma Rousseff. “O golpe é um fracasso político”.
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