A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizou audiência pública nesta quinta-feira (8/8) para debater a importância da educação midiática, que prepara os cidadãos para lidar criticamente com a comunicação na internet. A reunião foi realizada dentro da semana de vivência legislativa do Programa Jovem Senador.
Uma pessoa sem causa ainda não entendeu o sentido da própria vida, afirma Paim
O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH, destacou o papel da educação midiática no processo de formação de cidadãos capazes de acessar e analisar conteúdo de forma crítica, buscar fontes seguras e confiáveis de informação, identificar notícias falsas e discursos de ódio que “levam sim à destruição”.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que sete em cada dez jovens de até 15 anos no Brasil não consegue distinguir ou ter claros fatos e opiniões para onde vão.
Além disso, o Fórum Econômico Mundial afirma que a desinformação e os conteúdos alterados por inteligência artificial são o segundo maior risco global. Ambos ficaram atrás apenas do clima extremo.
“A educação midiática no Brasil pode ajudar a combater as notícias falsas, fortalecer a democracia, o exercício da cidadania e o respeito aos direitos humanos”, reforçou o senador Paulo Paim.
Confira o álbum de imagens da audiência pública
A mestre em Comunicação Social Januária Cristina Alves alertou os jovens senadores que acompanhavam a audiência pública que todos são responsáveis pelos conteúdos que compartilham nas redes sociais.
“Em toda fake news, a estratégia é uma só, é nos mobilizar pela emoção. Então, se vocês puderem, antes de compartilhar, refletir se aquilo é importante, se aquilo tem algum valor, se aquilo contribui para a sociedade de alguma maneira, eu acho que já é um bom começo de conversa”, aconselhou.
A professora do Departamento de Jornalismo da Universidade de Brasília (UnB) Rafiza Varão apresentou dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023. Segundo levantamento, 88% das crianças e adolescentes do país possuem perfis em mídias sociais.
Para a professora, o enorme contingente de jovens com acesso às redes sociais aumenta a responsabilidade em relação ao conteúdo consumido e compartilhado por essa parcela da população.
“Quando a gente pensa nos jovens também como consumidores de conteúdos nas mídias sociais, nós entendemos que, muitas vezes, vocês consomem conteúdos que não só não são verdadeiros, mas também são fantasiosos sobre a vida”, alertou a professora.
Na avaliação do professor de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Sivaldo Pereira, é preciso pensar de forma ainda mais ampla quando se trata de educação midiática. Somente assim, será possível resolver problemas que já existiam antes em termos da mídia tradicional e os problemas que estão agora e que virão com o avanço de IA nos próximos anos.
“Isso impacta muito a forma como nós vamos avançar enquanto país, enquanto cidadania nos próximos anos”, apontou.
Educação midiática é uma preocupação do governo Lula
A coordenadora geral de Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Mariana de Almeida Filizola, relatou que o governo Lula criou um departamento especificamente para desenvolver políticas públicas pensadas no ambiente digital. Ela ainda destacou que essa é a primeira vez que o governo brasileiro possui um órgão específico para cuidar da temática.
“Isso mostra a importância que esse tema tem dentro do Governo Federal, pensando que não dá mais para a gente não ter políticas públicas para o Brasil inteiro nessa área. A gente inseriu educação midiática no Plano Plurianual”, disse.
Dentre os objetivos a serem cumpridos até 2027, a Secom pretende formar 300 mil profissionais de educação e 400 mil profissionais de saúde em educação midiática.
“Por que [profissional] de saúde? Agentes de saúde chegam a locais aonde muitas vezes nenhum outro agente chega. Eles têm um papel importante de disseminar informação. O caso da vacinação mostrou para a gente que muitas pessoas não tinham acesso a uma informação precisa e acreditavam que, por exemplo, poderiam se tornar outra coisa quando tomassem a vacina, e a gente sabe que não é verdade. Então, isso também entrou no nosso planejamento”, relatou.