Em debate avanços e desafios das pessoas com deficiência

Debate presidido pelo senador Paulo Paim celebra a Semana Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.

Em debate avanços e desafios das pessoas com deficiência

A falta de acessibilidade e o pouco número de livros em braile e de
intérpretes de libras foram destacados

A Comissão de Direitos Humanos realizou, nesta segunda-feira (16), audiência pública, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), para celebrar a passagem da Semana Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. O dia da luta por esses direitos e garantias é comemorado no próximo sábado (21), em todo o País.

O secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Antônio José Ferreira, disse que o Governo Federal já deu sinais de que está “sincronizado” com as necessidades das pessoas com deficiência, mas a sociedade ainda precisa se adaptar e respeitar as leis existentes.

“Temos garantias de acessibilidade como, por exemplo, vagas para deficientes, mas as pessoas que não precisam param os carros nessas vagas. A sociedade ainda não está acostumada a essa cultura”, avaliou Ferreira. Ele ainda destacou que, ao lado de políticas públicas, a sociedade precisa reconhecer surdos, cegos, deficientes físicos e pessoas com outras deficiências como cidadãos plenos.

De acordo com Ferreira, o balanço das medidas em favor das pessoas com deficiência é positivo, mas a população precisa se comprometer com a questão. “É preciso que seja firmado um pacto social para que o dia 21 seja um dia de comemoração dos objetivos e conquistas”, concluiu.

O senador Paulo Paim, em pronunciamento realizado no plenário, disse que a audiência serviu para que sejam lembradas as lutas dos movimentos sociais das pessoas com deficiência, suas conquistas e desafios ainda existentes.

“Será que a nossas ruas são acessíveis? Nós estamos buscando a acessibilidade nas atitudes de verdade? No serviço de comunicação e informação dos ambientes físicos e arquitetônicos, estamos com essa preocupação? Será que estamos lutando em favor de um mundo mais acessível, no qual as pessoas se tornem mais acessíveis com o outro?”, questionou.

Apesar da avaliação positiva que fez o representante do Governo, a professora, escritora e artista plástica, Lurdinha Danezy, que tem um filho com deficiência, apontou falhas no atendimento às pessoas com deficiência. Na própria audiência pública marcada para tratar do assunto, segundo ela, os participantes sequer receberam a pauta da reunião em braile. O que, para ela, prova a dificuldade dos espaços públicos serem efetivamente inclusivos.

O professor da Universidade de Brasília, Messias Ramos Costa, que é surdo, lembrou que o País precisa de mais intérpretes de Libras. Segundo o educador, tanto no Senado quanto em outros órgãos, a comunicação é sempre um desafio para as pessoas com deficiência. “É preciso garantir acesso mais amplo com a presença de mais intérpretes. Isso nos prejudica muito”, alertou. “Há centrais de intérpretes no País, mas é preciso garantir a presença deles em hospitais, órgãos públicos. Isso nos prejudica muito. Poucos canais de televisão têm interpretes”, criticou.

O professor ainda cobrou do Ministério da Educação (MEC) o atendimento a propostas apresentadas pelas pessoas surdas. Uma das reivindicações, disse, é a criação de escolas onde a linguagem de sinais seja a primeira língua na sala de aula e o português, a segunda.

Conforme explicou, a aprendizagem de pessoas surdas fica prejudicada quando as aulas são ministradas em português e isso vai refletir negativamente em toda a formação dessas pessoas. Costa também disse que as vagas para deficientes em concursos públicos não atendem aos surdos devido ao fato de as provas nessas seleções serem em português, ao invés de possibilitar avaliações em linguagem de sinais.

Com informações de agências de notícias

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