“Com a reforma da Previdência, a PEC do Teto e a desvinculação dos gastos com saúde e educação, vai chegar o momento que vai ser impossível gerir as cidades. A conta não vai fechar nunca”, denunciou Ary Vanazzi, prefeito petista de São Leopoldo (RS), durante 2º Encontro Nacional de Prefeitos, Prefeitas e Vices do PT, em Brasília, nesta segunda-feira (8).
“Desde a PEC do Teto de Gastos estamos enfrentando problemas na gestão do município: o dinheiro não chega, mas os serviços precisam ser feitos, a população cobra”, disse. Para ele, as medidas apresentadas pelo governo de Bolsonaro, até agora, se baseiam na destruição do pacto federativo e na penalização e criminalização dos municípios. Na avaliação de Vanazzi, as medidas do atual governo vão destruir a capacidade produtiva dos municípios.
O 2º Encontro Nacional de Prefeitos, Prefeitas e Vices do PT é uma iniciativa do Conselho Político da Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais (SNAI). A pauta principal do encontro foi voltada para as eleições municipais de 2020 e a articulação para o enfrentamento dos novos desafios nas gestões municipais, em oposição ao governo federal. O partido elegeu 256 prefeitos no pleito de 2016.
Na abertura da reunião, a presidenta Nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) alertou para a necessidade de continuidade dos movimentos de resistência e da luta pela liberdade do ex-presidente Lula. “O projeto desse governo é destruir o Estado de direito, até porque ele [atual governo] só existe por causa do golpe de 2016, já nasceu à revelia da democracia. E o maior símbolo dessa resistência é Lula”, disse.
Gleisi lembrou que a perseguição ao ex-presidente vem do fato de ele ter investido no petróleo da camada pré-sal e ter mudado a geopolítica mundial ao fortalecer os BRICS, expandindo as fronteiras das exportações brasileiras. “E o que Bolsonaro fez? Entregou todas as conquistas dos governos do PT aos Estados Unidos. Este é um governo de destruição, nada vai sobrar se eles continuarem. Por isso nossa resistência é tão importante, especialmente a resistência nas bases, nos municípios”, conclamou.
A deputada também afirmou que a reforma da Previdência tem como objetivo desmontar o Estado de Seguridade Social. “Nos governos de Lula a seguridade social estava garantida, não havia pessoas pedindo comida nas portas das prefeituras, porque elas tinham o mínimo que lhes garantia uma certa dignidade, e é essa dignidade que o atual governo quer retirar do povo brasileiro”.
Já o vice-líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), lembrou que, quando se ideologiza demais a gestão de um país, isso pode significar a destruição das conquistas de um povo. Segundo ele, nos cem primeiros dias de governo Bolsonaro, nada foi proposto de concreto além da desconstrução de todas as políticas públicas que a sociedade havia conquistado. “Devemos aproveitar esse encontro de prefeitos para entender que o desafio agora é a união em defesa dos interesses do Brasil”.
Para Carlinhos Silva, prefeito petista de Limoeiro do Ajuru, município com pouco mais de 20 mil habitantes no Pará, as políticas sociais desenvolvidas pelos governos petistas já provocam saudosismo no povo. “O PT tem um projeto de políticas públicas com inclusão. O povo percebeu isso e manteve o partido por 13 anos no governo. Desde o golpe, a população vem sentindo na pele a diferença”.
Carlinhos acrescentou que é no trabalho de base que o PT leva vantagem com relação aos partidos que surgiram na última eleição. “Nós estamos lá nas bases, reorganizando o povo. Essa é a diferença. O governo atual não tem representatividade”.
Confira a íntegra da carta dos prefeitos, prefeitas e vices do Partido dos Trabalhadores