Humberto: “O pior caminho, se é que realmente o que estamos constatando é um movimento intencional [esvaziamento da reunião], é não chegarmos a nada”Enquanto as reuniões e audiências públicas eram para ouvir todos os setores ligados ao futebol brasileiro, a sala onde aconteciam as reuniões para análise do relatório da Medida Provisória do Futebol (MP 671/2015) ficavam cheias de deputados e senadores. Estranhamente, nesta semana, pouquíssimos parlamentares compareceram, o que levou a ausência de quorum para a deliberação da matéria.
Entre os parlamentares que marcaram presença na reunião que deveria discutir o relatório da MP 671, nesta quarta-feira (10), esteve o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que deixou como sugestão a possibilidade de substituição de parlamentares que estejam comprometidos com objetivos escusos e não com a efetiva modernização do futebol brasileiro.
“Existe todo um clima para construir um relatório o mais próximo possível de um consenso. Naturalmente todo mundo vai ter uma parte em que não vai se sentir atendido. O governo, o pessoal vinculado aos clubes, a CBF”, disse. “Agora, o pior caminho, se é que realmente o que estamos constatando é um movimento intencional [esvaziamento da reunião], é não chegarmos a nada. Fica parecendo que as pessoas querem deixar tudo da forma que está inclusive os graves problemas que estão sendo objeto de denúncia agora”, emendou.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) a ausência de quórum para deliberação da matéria se deve a um boicote organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Randolfe ainda lamentou que parlamentares membros do colegiado estejam recebendo pressões do lobby da “corrupta” CBF.
“O relatório e a Medida Provisória visam democratizar o futebol brasileiro. É a atuação dessa entidade corrupta, dirigida até pouco tempo por um senhor que está atrás das grades nos Estados Unidos, presidida, hoje, por um discípulo seu. Não tem outro nome, é mais uma atuação dessa entidade corrupta para impedir que o futebol brasileiro seja moralizado”, enfatizou.
O senador Romário (PSB-RJ) disse que não é nenhuma novidade para ele a ausência de quórum para deliberação do relatório. “Tenho bem claro que tudo no Congresso que passe a dar qualquer tipo de responsabilidade à entidade maior do nosso futebol, infelizmente não irá avançar”, disse. O senador ainda disse que a “bancada da CBF” existente no Congresso é que não permite avanços no caminho da modernidade e da moralização do nosso futebol. “As pessoas não conseguem entender que a defesa da CBF, hoje, nesse Congresso, é a defesa do que é ruim, atrasado, negativo e imoral para o nosso futebol”, apontou.
Relator
O relator da MP 671/2015 na comissão mista, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) registrou que está convencido da necessidade de dar sequência ao trabalho para que os parlamentares examinem uma matéria imprescindível e que pode ser considerada como o “marco zero” para o futebol brasileiro. “Já tenho algumas sugestões, já existe um relatório preliminar e apresentarei o relatório, o quanto antes, para que possamos fazer o debate”, disse.
Próxima reunião
O presidente do colegiado, senador Sérgio Petecão (PSD-AC), marcou a próxima reunião para a próxima terça-feira (16), às 14h30.
Ao final do encontro desta quarta, o senador Humberto Costa ainda se comprometeu a buscar o senador José Pimentel (PT-CE) para que ambos possam conversar com os demais parlamentares a fim de tentarem viabilizar a votação do projeto na próxima semana.
Rafael Noronha
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