a cultura voltou

Não há possibilidade de desenvolvimento cultural sem política pública, destaca Margareth Menezes

Ministra relatou aos senadores os resultados do primeiro ano de reconstrução das políticas públicas no setor cultural e detalhou as estratégias para retomada de programas de fomento à cultura brasileira

Alessandro Dantas

Não há possibilidade de desenvolvimento cultural sem política pública, destaca Margareth Menezes

Margareth Menezes prestou contras sobre primeiro ano na chefia do Ministério da Cultura

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, apresentou nesta terça-feira (2/4) os resultados do primeiro ano de trabalho de reconstrução do setor cultural no país, após anos de descaso. Segundo Margareth, o ministério está retomando diversos projetos relacionados ao fomento da cultura brasileira. 

“Não existe possibilidade de desenvolvimento sem política pública para o setor cultural”, defendeu a ministra. 

Durante a apresentação, Margareth explicou que as primeiras ações da pasta foram as retomadas de projetos abandonados pelas gestões anteriores. Ela deu como exemplo a efetividade da Lei Rouanet, por impulsionar a economia criativa em uma longa cadeia.  

Estudo recente, citado pela ministra, aponta que para cada R$ 1 investido na cultura, há um retorno de R$ 1,56. O resultado seria, nos cálculos da pasta, um impacto de R$ 49 bilhões na economia do país, desde a criação da lei, em 1993, até 2018. Por isso, segundo Margareth Menezes, um dos principais focos do atual governo é democratizar o acesso à cultura. 

“A Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc de Incentivo também vão cumprir o mesmo roteiro para todas as cidades – 97% das cidades do Brasil mandaram seus planos de ação, e 100% dos estados. Para proporcionar justamente isso, que aquela pessoa que nunca teve acesso a nenhum tipo de apoio da lei federal tenha a partir de agora. Essa é a grande virada na questão do fomento cultural no Ministério da Cultura no governo do presidente Lula”, explicou a ministra.  

A Lei Paulo Gustavo prevê o repasse de R$ 3,8 bilhões para profissionais do setor cultural, enquanto a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura destinará R$ 3 bilhões ao ano para financiar projetos culturais. 

“Apenas 0,57% do orçamento da União é investido na cultura. É como se, de cada R$ 100, apenas R$ 0,57 fossem dirigidos ao setor. Mas o retorno que a cultura dá equivale a 3,11% do Produto Interno Bruto. O setor cultural é formado por uma gama vastíssima de profissionais, que compõem uma cadeia produtiva imensa, exitosa e que traz muitas divisas para nosso país. Não somos vagabundos, temos famílias e cumprimos nossos deveres”, disse a ministra. 

A ministra também aproveitou a oportunidade para agradecer aos senadores pela aprovação do projeto de regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, considerado o marco regulatório para o setor. 

Fabiano Contarato destacou a importância do setor cultural para o país

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) defendeu o papel estratégico da cultura na construção de um país e criticou a postura de políticos que tentam reduzir o papel do setor cultural a algo de “menor importância”.  

“É uma visão equivocada, míope, uma visão positivista, napoleônica, convicta; porque quem conhece o que vem a ser cultura sabe que através da cultura é que nós vamos transformar a vida das pessoas. É através da cultura que nós vamos efetivamente dar dignidade à população, reduzir a violência, dar um caráter humanizador ao processo educacional”, disse o senador. 

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) destacou, entre outras coisas, as manifestações ocorridas durante a última Conferência Nacional de Cultura e o orgulho dos participantes com a retomada do Ministério da Cultura.    

Teresa Leitão apontou a importância da recriação do Ministério da Cultura

“Disseram muito na conferência que o Ministério da Cultura voltou, que a cultura voltou. E hoje a gente tem essa sensação mesmo, de que as políticas culturais estão tendo um objeto, um objeto de cidadania, um objeto de acesso, um objeto de respeito aos direitos, e isso é muito bom para nós que somos da educação”, comemorou a senadora. 

Descentralização de recursos 

Durante a audiência, a ministra também anunciou a liberação de R$ 24 milhões captados por meio da Lei Rouanet especificamente para a Região Norte. Projetos aprovados pelo Ministério da Cultura naqueles estados seriam financiados por recursos do Banco da Amazônia, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e dos Correios. A segunda medida destina R$ 5 milhões para projetos desenvolvidos em favelas de Salvador, Belém, São Luís, Fortaleza e Goiânia. 

“Identificamos um histórico muito concentrado na região Sudeste, especialmente nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Estamos fazendo ações para fortalecer o que já existe, mas também uma ação justa que atenda a um apelo da sociedade: que o fomento chegue a todos os lugares”, disse a ministra.

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