Caso Moise

No Rio, senadores pedem punição de assassinos do jovem Moïse

Parlamentares pediram acesso ao vídeo completo das agressões sofridas pelo congolês. Fabiano Contarato pediu desculpas aos familiares de Moïse em nome do Estado Brasil, diante da omissão de Bolsonaro
No Rio, senadores pedem punição de assassinos do jovem Moïse

Foto: Assessoria

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (Rede-ES), presidente e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), respectivamente, além de deputados, participaram nesta segunda-feira (14) de reunião com familiares do refugiado congolês Moïse Kabagambe, assassinado de forma covarde no último dia 24 de janeiro em um quiosque na Barra da Tijuca.

O encontro aconteceu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro. A reunião durou em torno de duas horas e os parlamentares voltaram a defender o direito da família de ter acesso à filmagem completa, no qual aparecem mais do que as três pessoas presas pelo crime. Além disso, afirmaram que a família tem que ter segurança e condições de sobrevivência asseguradas.

“A família, os advogados e a vereadora Tainá de Paula disseram que nem tudo o que aconteceu foi exposto claramente à imprensa, especialmente a filmagem, em que dizem que houve algum tipo de edição. Nós vamos poder conversar agora para saber. Vamos ouvir da família sobre isso”, explicou o senador.

Omissão de Bolsonaro
O senador Fabiano Contarato criticou a omissão do governo federal e o silêncio de Jair Bolsonaro diante da atrocidade cometida contra um refugiado em solo nacional. O parlamentar aproveitou a oportunidade do encontro e pediu desculpas à família de Moïse.

“Eu não tenho procuração para isso, mas como ser humano eu faço. Peço desculpas em nome do Estado brasileiro. Quem deveria fazer esse pedido de desculpas era o presidente da República. Nada paga a dor de uma mãe que perde um filho”, disse o senador.

Ele também apontou que a reunião com os familiares de Moïse Kabagambe servirá para que o Congresso Nacional passe a debater com mais profundidade mecanismos para a redução dos índices de crimes praticados com base no preconceito e no ódio.

“Não tenho dúvidas que o Estado criminaliza a pobreza, criminaliza a cor da pele. Ainda vivemos em um país homofóbico, racista, xenofóbico, sexista, misógino e preconceituoso. Nada que falarmos aqui vai mudar isso. Mas precisamos pensar no que o Poder Legislativo pode fazer para diminuir todo tipo de preconceito e discriminação”, apontou.

De acordo com o senador, o assassinato do jovem envolveu tanto racismo estrutural, quanto xenofobia, além da precarização da relação trabalhista. “Alteramos uma lei para propiciar que o trabalhador negocie diretamente com o empregador. E a relação de força é absolutamente desigual”, salientou.

Foto: Assessoria

Encontro com o prefeito do Rio de Janeiro
Em reunião com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o senador Humberto Costa destacou que os familiares do congolês estão se sentindo ameaçados e não gostariam de trabalhar no quiosque onde houve o crime, como foi aventada a possibilidade.

“É preciso buscar alternativas. Passar para família, como uma forma de compensação, a administração do quiosque onde houve o crime, na verdade, nenhuma pessoa no juízo são vai assumir uma coisa como essa. É provável que a prefeitura deva estar pensando outra alternativa”, disse.

A Prefeitura do Rio de Janeiro informou que aceita negociar a cessão de outro quiosque à família do congolês Moïse Kabagambe, morto após ser agredido na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A previsão é que a família e as partes envolvidas (Prefeitura e Orla Rio) conversem na terça-feira (15).

Também nesta segunda-feira, no Diário Oficial do Município, a prefeitura instituiu o Comitê Municipal Intersetorial de Políticas de Atenção às Pessoas Refugiadas, Imigrantes e Apátridas do Rio de Janeiro, com o objetivo de acompanhar melhor o tema dos refugiados.

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