Oposição não têm alternativas para oferecer ao País, diz Gleisi

Gleisi disse ser de uma geração que nasceu e cresceu respeitando a democracia. "Para tanto, debater, discutir, ganhar e perder faz parte do processo democrático e ninguém sai xingando ou vai embora quando sua vontade não prevalece". 

Oposição não têm alternativas para oferecer ao País, diz Gleisi

Da tribuna, senadora criticou parlamentares que fazem críticas sem lembrar das próprias práticas no passado.

Gleisi: antidemocrático é deixar de indicar
membros de CPI

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) demonstrou nesta tarde, em discurso na tribuna, como atua a oposição na disputa política travada com a base do governo: os senadores do PSDB não aceitam que a eventual CPI para investigar a Petrobras também investigue as pesadas denúncias de corrupção no metrô administrado pelo governo tucano em São Paulo.

Pela manhã, derrotados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que decidiu por uma investigação ampla, os senadores tucanos saíram da sala porque se sentiram contrariados. O mesmo ocorreu durante a fala de Gleisi, justamente quando a senadora fez uma recordação de como se portavam os tucanos diante dos pedidos de criação de CPIs destinadas a investigar indícios de corrupção no governo de Fernando Henrique Cardoso, como a compra de votos para sua própria reeleição ou o socorro mal explicado dos bancos por meio do Proer, além de outras, todas enterradas – essas sim, por manobras – pelos tucanos.

“Ouvi hoje, na CCJ, toda sorte de acusações sobre o caráter antidemocrático da maioria, da base de governo, por propor e aprovar uma CPI mais ampla, incluindo acusações que também pesam sobre a oposição. Constatei que antidemocrática foi a conduta da oposição, que, por perder uma votação, inconformada, saiu da comissão demonstrando desapreço pelos princípios democráticos”, afirmou a parlamentar paranaense.

Gleisi disse ser de uma geração que nasceu e cresceu respeitando a democracia. “Para tanto, debater, discutir, ganhar e perder faz parte do processo democrático e ninguém sai xingando ou vai embora quando sua vontade não prevalece. Interessante ver que a mesma oposição que nos acusa de antidemocráticos, é a que sai batendo o pé com um discurso inflamado, com toda sorte de palavreado, é a mesma que utilizou todos os recursos possíveis para barrar CPIs, para bloquear o debate e se manter no poder quando era governo”, observou.

A recordação trazida pela senadora diz respeito à valorização das comissões parlamentares de inquéritos entre as legislaturas de 1991 a 1994, seja pelos resultados da CPMI que investigou o esquema de PC Farias no governo Collor, seja a CPI do Orçamento que desvendou um esquema de corrupção com emendas parlamentares. Acontece, porém, que o governo de Fernando Henrique atuou para que os inquéritos parlamentares e o próprio Poder Executivo não ocupassem os espaços políticos que ele pretendia preencher com outras matérias. “Um de seus primeiros atos foi o Decreto 1.376/1995 que extinguiu a comissão especial criada em 1993 pelo presidente Itamar Franco para aprofundar apurações iniciadas pelo Congresso. Essa postura de não abrir espaço para investigações resultou numa política contrária à criação de CPIs”, afirmou.

O conjunto da obra não parou aí. O governo de Fernando Henrique, nos dois primeiros anos de mandato, conseguiu aprovação de onze emendas à Constituição Federal, sete anos apenas após a promulgação, estabelecendo entre outras coisas total dificuldade para a abertura de CPIs. Gleisi observou que o primeiro exemplo da política contrária às CPIs que teriam por objetivo investigar corruptos e corruptores. “As lideranças do PSDB, que nos acusa de sermos antidemocráticos, e a do PFL, deixaram de indicar os membros para as vagas na CPI que lhes cabiam. O caráter político seria, então, uma manobra?”, indagou.

A senadora citou como exemplo de CPI enterrada a do Proer, que tinha por objetivo desvendar possível favorecimento do governo ao Banco Nacional. A então nora de Fernando Henrique Cardoso, Ana Lúcia Magalhães Pinto, pertencia à família controladora da instituição financeira que deixou milhares de correntistas sem um único centavo quando foi à bancarrota. “Como se vê, o PSDB no poder, representado aqui por senadores combativos, usou e abusou da maioria, da protelação de instalação e realização de comissões. Hoje dizem serem absurdas. Infelizmente a oposição não tem o que de concreto apresentar como alternativa ao País, aos brasileiros e às brasileiras”, finalizou.

Marcello Antunes

To top