Richa deveria, no mínimo, reconhecer seus erros, avalia Gleisi Hoffmann

Gleisi: Richa deveria, no mínimo, reconhecer seus errosO governador Beto Richa deu um “tapa na cara” de todos os paranaenses ao afirmar que foi o mais “machucado” diante do ataque violento e covarde patrocinado pelo seu próprio Governo contra os servidores públicos estaduais. A declaração do governador, depois de nove dias de silêncio, denota o mais profundo desrespeito com os mais de 200 feridos e os milhares de servidores públicos que tiveram o estado de direito democrático violado. Sei que a dor desses trabalhadores não é só física, é também a dor moral, a dor emocional de saber que aqueles que deveriam te proteger, te desrespeitam de maneira tão brutal e desmedida. 

Richa também desrespeitou as vítimas do massacre ao não comparecer na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado para dar explicações sobre os acontecimentos do dia 29 de abril. Mesmo diante da ação truculenta da polícia e dos excessos cometidos, Richa enviou o assessor de Políticas para a Juventude para representá-lo, quando deveria, no mínimo, ter convocado um secretário de Estado em respeito àquela Casa Legislativa, à CDH e, principalmente, aos trabalhadores que tiveram sua dignidade ferida.

Seus pronunciamentos, suas atitudes e a forma como conduziu essa situação revelam a face de um governador insensível, despreparado, nem um pouco preocupado com o destino dos servidores públicos e o futuro do Paraná. Mas, os paranaenses já deixaram claro que não aceitam o discurso fácil de um governador que se exime de sua responsabilidade. A ação que colocou 2 mil policiais numa praça pública foi planejada e cabe ao governo do Estado dar respostas à sociedade.

O mínimo que esperamos do governador Beto Richa é que ele reconheça seus erros, faça um pedido formal de desculpas aos educadores e suspenda a lei que alterou o regime previdenciário. O parecer do Ministério da Previdência Social (MPS), encaminhado ontem ao governo do Estado, apontou que o projeto encontra-se em desacordo com o mandamento constitucional do equilíbrio financeiro e atuarial, além de atentar contra os princípios constitucionais da eficiência e da economicidade.

De acordo com o MPS, “a transposição de segurados do Fundo Financeiro para o Fundo de Previdência, conforme propõe o projeto, promove a descapitalização do plano previdenciário e não implementa de imediato e dentro do prazo previsto (35 anos) na Portaria MPS nº 403/2008, o plano de equacionamento do déficit atuarial  provocado pelo aumento da massa de segurados.”

O Ministério Público de Contas do Paraná já solicitou a suspensão imediata da lei, considerada “inconstitucional, ilegítima e ilegal”.  Não é possível que o governador continue insistindo nesse projeto rejeitado pelo Ministério da Previdência Social, pelo Ministério Público do Paraná, pelos profissionais da Educação e pelo povo paranaense.

Depois de todos os episódios lamentáveis que acompanhamos nos últimos dias no Paraná, resta ao governador retomar urgente o diálogo e a negociação com os educadores. Os trabalhadores têm o direito de debater e de intervir nesse processo que diz respeito à vida de milhares de pessoas. Isso é democracia.

* Artigo originalmente publicado no site Notícias Paraná em 12 de maio de 2015

 

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