Ângela mostra preocupação com violência contra mulheres em Roraima

Ângela mostra preocupação com violência contra mulheres em Roraima

Ângela: “É em nosso estado que há o maior número de assassinatos de mulheres: 15,3 por 100 mil”Um misto de tristeza e constrangimento. Foi desta maneira que a senadora Ângela Portela (PT-RR), em discurso na tribuna na tarde desta terça-feira (10), lamentou e se solidarizou com as famílias que perderam seus entes por causa de um crime passional, que chocou a sociedade de Boa Vista nesta semana. Um policial matou o pai e a filha que incentivaram a ex-namorada, vítima de violência, a se separar do agressor. Essa situação foi constrangedora porque aconteceu justamente no dia que os números do Mapa da Violência 2015: “Homicídio de Mulheres no Brasil” foram divulgados – dia 9 de novembro.

“É com grande constrangimento que registro aqui a situação de Roraima, nesse Mapa da Violência 2015. Sua taxa mais que quadruplicou. A proporção de homicídios em Roraima cresceu 343%, no decorrer de dez anos. É em nosso estado que há o maior número de assassinatos de mulheres: 15,3 por 100 mil. O segundo colocado, o Espírito Santo, são 9 por 100 mil. Isso mostra que Roraima precisa de atenção para prevenir e combater crimes bárbaros contra as mulheres”, salientou.

O Mapa da Violência mostra que o número de homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%, entre 2003 e 2013, mas os casos envolvendo mulheres negras cresceram 54%, no mesmo período, passando de 1.864 para 2.875. No País, como um todo, o assassinato de mulheres em dez anos cresceu 21%, de 3.937 para 4.762 – uma espantosa média de 13 assassinatos de mulheres por dia.

Ângela lamenta que a violência contra as mulheres continue no Brasil apesar de todas as políticas voltadas para prevenir essa barbárie, como foi o caso da Lei Maria da Penha. O pior é que o estudo mostra que 50% das mortes violentas de mulheres, no Brasil, são cometidas por familiares, 33% sendo os parceiros e ex-parceiros os responsáveis. “É uma equação perversa que precisa ser revertida”, disse ela, ao acrescentar que, lamentavelmente, no recente crime em Boa Vista, houve a destruição de uma família por razões machistas e ao sentimento presente na sociedade brasileira de que a mulher é propriedade do homem.

A senadora entende que há uma explicação trágica para isso: a luta contra o racismo e contra o machismo assumiu proporções na sociedade. “As mulheres negras ganharam novo protagonismo, administrando, de mais direta, suas próprias vidas. E isso está incomodando muito”, afirmou. Além disso, Ângela pontuou que os números do Mapa da Violência indicam uma nítida desigualdade na evolução da violência contra a mulher, porque em regiões onde existe mais informação e onde a renda média é menor, há um sinal de alerta e de alarme, também.

Em aparte, o senador Telmário Mota (PDT-RR) elogiou a manifestação de Ângela por sua defesa – com unhas e dentes – pela causa da mulher, da causa da educação, da causa da agricultura familiar e a causa das creches, daí a senadora ser considerada “símbolo da luta da mulher roraimense”. Segundo Telmário, o caso do crime passional envolvendo um policial militar é preocupante e é necessário que o Poder Judiciário fique atento aos servidores policiais, não permitindo nomeações fundadas em liminares. 

“Nesta hora, a voz da senadora Ângela está defendendo milhares de mulheres que são vitimadas, diariamente, por truculência e por pessoas que se acham proprietárias das mulheres. Trata-se de um grande equívoco, um grande erro, um sentimento machista, conservador, que merece todo o nosso repúdio”, disse Telmário.

 

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