Luiza Bairros, referência na luta pela igualdade racial, morre aos 63 anos

Luiza Bairros, referência na luta pela igualdade racial, morre aos 63 anos

A ex-ministra da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros faleceu na manhã desta terça-feira (12), em Porto Alegre, vítima de câncer no pulmão contra o qual lutava há meses. 

Luiza começou a se destacar na luta pela igualdade racial ainda nos anos 70, nos debates e mobilizações que levaram à criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978. Natural de Porto Alegre (RS), ela construiu sua carreira acadêmica e sua militância em Salvador (BA), cidade com a maior população negra fora da África em todo o mundo — e da qual ela nunca se esquivou de apontar as contradições e profunda exclusão social com origem na discriminação e no racismo.

“Luiza foi ativista a mais destacada e importante mulher negra desde o surgimento do MNU”, afirmou o sociólogo Valdélio Silva, também fundador do movimento, em nota na rede social Facebook. Ao lado da militância pela igualdade racial, Luiza marcou seu ativismo com um forte cunho feminista e libertário.

 Formada em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luiza era mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan. Trabalhou em programas das Nações Unidas (ONU) contra o racismo. Foi titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Social da Bahia e Ministra-chefe da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República, de 2011 a 2014. 

Para a administração pública Luiza Bairros deixa ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) uma ferramenta que segundo ela inaugura a possibilidade de um novo ciclo das políticas de promoção da igualdade racial no Brasil visando o fortalecimento e a institucionalização de órgãos, conselhos, ouvidorias permanentes e fóruns voltados para a temática nos estados e municípios.

A ex-ministra foi a grande condutora das políticas públicas desenvolvidas pelos governos Lula e Dilma na superação das desigualdades raciais. Ainda que o fim desse processo pareça distante, há conquistas marcantes nesse período, como a ampliação do acesso dos jovens negros à universidade — de  acordo com o IBGE, o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% em 2001 para 35,8% em 2011. “Algumas coisas parecem impossíveis, até que sejam realizadas”, costumava dizer Luiza Bairros.

Com informações do portal Geledés

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