O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, antes de mais nada, também quero me associar aos cumprimentos pelo aniversário de 50 anos de V. Exª.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, nós que fazemos política sabemos muito bem que essa é uma atividade que exige paixão, pois demanda grande sacrifício pessoal, comprometimento com causas e ideais, e dedicação àqueles que nos legaram o mandato.
É também uma atividade que desperta paixões, que provoca debates acalorados, às vezes bastante tensos, e que antepõe visões diferentes do País e do mundo.
Na realidade, não há atividade humana que prescinda das paixões e emoções. Como bem assinala o grande neurocientista António Damásio, em seu livro O Erro de Descartes, o livre-arbítrio não pode prescindir da emoção, pois ela é “componente integral da maquinaria da razão”. Questionamos a validade intelectual das paixões porque, presos à dissociação entre razão e emoção, herdeira de Platão e Descartes, ainda tendemos a ver as paixões como uma manifestação inferior da atividade mental e não como parte orgânica do processo de interpretação do mundo, especialmente do mundo social em que vivemos e interagimos. As paixões são, assim, inevitáveis e bem-vindas.
Mas há paixões e paixões.
Como em qualquer atividade humana, os políticos podem ser movidos por diferentes paixões e sentimentos. Há os que são movidos pela esperança, pelo desejo sincero de mudar para melhor a vida das pessoas. Há os que são tocados pela solidariedade e pela incapacidade de aceitar passivamente o sofrimento do outro. Há ainda os que são movidos pela fé e aceitam a política como uma missão destinada a fazer o bem.
Esses são, em geral, bons políticos, independentemente da corrente ideológica à qual se filiem. Podem, é claro, errar, e frequentemente o fazem. Podem também fazer escolhas políticas equivocadas, em algum momento de sua trajetória. Mas normalmente preservam a sua capacidade de diálogo, a sua capacidade de representar interesses legítimos e articular distintas forças políticas. São, assim, políticos que contribuem para a democracia e as instituições.
No entanto, há por outro lado políticos que às vezes são movidos por sentimentos menos nobres. Pode haver, por exemplo, aqueles que são movidos por interesses egoístas e personalistas. Ou aqueles que se dedicam à defesa de alguns privilégios, em detrimento da maioria da população. Apesar disso, não são políticos ou forças políticas que causem dano expressivo à democracia.
Há, ainda, contudo, aquelas forças políticas ou políticos que podem ser movidos, algumas vezes, somente pelo ódio e ressentimento. Nesses casos, não se procura a construção de alguma política, equivocada ou não, a consecução de um objetivo, meritório ou não, mas apenas a destruição do outro, a eliminação das alternativas, a derrubada de um projeto sem a preocupação de colocar algo viável em seu lugar. Nessas circunstâncias, ocorre a inevitável deterioração da democracia e suas instituições que podem resvalar, em casos extremos, para o golpismo. Em todos os casos, porém, gera-se um ambiente de intolerância antidemocrática.
Pois bem, Sr. Presidente, infelizmente, no Brasil de hoje, parte da oposição e da mídia conservadora assumiu de vez, irreversivelmente, a feição de uma direita anacrônica, reacionária e profundamente intolerante. Cada vez mais, atrai o que há de pior na política nacional, fundamentalistas, membros da TFP, e até mesmo nos ataques do submundo da Internet indivíduos que pertenceram à juventude nazista e a órgãos de repressão da ditadura.
Criou-se, lamentavelmente, uma espécie de Tea Party tupiniquim, uma nova e raivosa UDN, que sem o brilho retórico de Carlos Lacerda, julga ser sua missão, destruir aqueles que vêm mudando a injusta ordem política e social do Brasil. São forças políticas obscurantistas que exalam o ressentimento de uma velha elite, que vê Armanda a ascensão de novas forças sociais, que perdeu o poder e tenta reconquistar a qualquer custo.
Essas forças, Sr. Presidente, são movidas somente pelo ódio, não dialogam e não propõem nada. Não têm ideais. Não têm projetos. Não pensam o futuro. Não contribuem para a democracia brasileira. Apenas olham com ressentimento para o passado perdido e dedicam-se, com ardor fervoroso, a odiar aqueles que constroem, com êxito, uma nova nação bem mais próspera, justa e soberana que a que eles legaram.
De fato, Sr. Presidente, basta uma passada de olhos por alguns grandes jornais e revistas semanais, certos setores das redes sociais, para sentir o pulso errático e acelerado desse ódio visceral e virulento contra o PT e seu Governo.
É um ódio denso, pesado, que relembra a raiva anticomunista da ditadura, o horror antidemocrático do macarthismo.
É um monstro político que parece sedento de sangue.
Mao Tse Tung costumava dizer que a política é uma guerra sem derramamento de sangue e que a guerra é a política com derramamento de sangue. Pois bem, parece que essas forças estão envolvidas, não no exercício democrático de oposição, algo inteiramente legítimo, mas numa verdadeira guerra de extermínio contra o PT e seu projeto político. Uma guerra na qual vale tudo.
Uma guerra na qual vale tudo. Uma guerra na qual não há mais limites para o que se pode fazer ou inventar, com o intuito de agredir pessoas que participam do PT ou de seu projeto. Uma guerra na qual qualquer condenado, qualquer criminoso, pode almejar uma heróica redenção se dispuser a acusar políticos do PT.
E, nessa guerra de extermínio, o alvo preferencial, o alvo maior, é Lula, o grande ex-presidente do Brasil.
Lula representa tudo o que eles odeiam mais. Lula é aquela pobre criança do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos 5 anos, mas que sobreviveu. Lula é aquele miserável retirante nordestino que veio para São Paulo buscar, contra todas as probabilidades, emprego e melhores condições de vida, e conseguiu. Lula é aquele sindicalista que não deveria ter liderado a sua categoria e rompido com o peleguismo, mas liderou e rompeu. Lula é aquele político que não devia ter criado, em plena ditadura militar, um novo partido independente de esquerda, mas criou. Lula é aquele candidato que não devia ter chegado ao poder, mas chegou. Lula é aquele presidente que devia ter fracassado, mas teve êxito extraordinário.
Lula é o excluído que devia ter ficado em seu lugar, mas não ficou.
Lula é esse fantástico novo Brasil que ele ajudou tanto a construir. Lula não deveria existir, mas existe.
É uma nova realidade sem volta, contra a qual não há argumentos racionais. Apenas o ódio espesso dos ressentidos.
Porém, esse ódio contamina somente uma pequena minoria. Lula, ao contrário de outros governantes brasileiros, terminou 8 anos de governo com mais de 80% de aprovação. Uma façanha política extraordinária em qualquer democracia do mundo. É o cara, como disse Obama.
E tal aprovação avassaladora não aconteceu por acaso. Lula fez, de fato, o melhor governo da história recente do país, gostem ou não os ressentidos.
Com efeito, a grande ênfase do governo Lula no atendimento, de forma massiva, às populações de baixa renda retirou da pobreza cerca de 30% das famílias que viviam nesta condição. Com Lula, mais de 30 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema. O crescimento económico acelerado daquele período gerou ao redor de 14,5 milhões de novos empregos com carteira de trabalho, mais que o dobro dos empregos formais gerados no período 1990-2002. E a massa salarial cresceu, em termos reais, 20,7%.
O Bolsa Família e os demais programas de transferência de renda criados ou fortalecidos por Lula protegem, hoje, quase 70 milhões de pessoas, mais de 1\3 da população. E as políticas sociais como um todo,
E as políticas sociais como um todo, que atualmente têm consistência e centralidade, transferiram para os mais pobres, para os nossos lulas, R$33 bilhões por ano, um salto extraordinário, que contribuiu decididamente para a forte expansão do mercado interno de consumo de massas. Programas como Prouni, Reuni, Crédito Popular, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e outros distribuem oportunidades, realizam sonhos daqueles que antes sequer tinham direito de sonhar com uma vida melhor.
Concedo o aparte, com muito prazer, ao nosso Líder, Senador Walter Pinheiro.
O Sr. Walter Pinheiro (Bloco/PT – BA) – Senador Lindbergh, quero primeiro dizer que V. Exa traz aqui, com dados e principalmente com uma forte carga de informações, algo que exatamente pode fazer um verdadeiro desenho dos motivos desses ataques.
A primeira questão mais importante que V. Exa levanta acerca dessa figura extraordinária que promoveu transformações profundas, é a maior das transformações que nós vivenciamos ao longo desses últimos anos no Brasil: o imaterial; a consolidação de instâncias e de processos democráticos; a mudança, inclusive, na forma de se relacionar; o aspecto fundamental da transparência. Foi na gestão Lula que se implantou neste País a total, a plena condição de acesso à informação. É do governo Lula o projeto aprovado nesta Casa que modifica as relações no que diz respeito inclusive ao trabalho da imprensa, de acesso à história e acesso também às informações dos gestores públicos, a Lei de Acesso à Informação. É do governo Lula. É no governo Lula que se processa a maior ação de combate à corrupção na estrutura deste nosso País. É no governo Lula. É no governo Lula que se reestruturam as carreiras do serviço público, dentre elas aqueles que trabalham na nossa gloriosa Polícia Federal. É no governo Lula que se consolida a instância de Estado com a sua capilaridade, fazendo-o chegar aos diversos cantos desse País, com políticas públicas, com recursos, com desenvolvimento local, levando, portanto, oportunidade às pessoas. Isso foi materializado em diversos projetos que V. Exa citou aí: Pronatec, escolas técnicas, que, aliás, estavam sob ameaças, estavam sob uma verdadeira bateria para o seu fechamento.
Lula faz ressurgir.
As universidades… Agora há pouco, eu conversava com o Senador Acir Gurgacz, sobre a Universidade de Mato Grosso. Lá no Mato Grosso do Sul, na cidade de Dourados, hoje há uma universidade federal, que participou de uma audiência. Universidades antes, somente nas capitais, Senador Lindbergh. Quando alguém queria ir para uma universidade federal, teria que sair do interior e se deslocar para as capitais. As universidades federais ganharam a estrada, capilarizaram-se neste País, permitindo o acesso à universidade com cotas, com o ProUni, para a juventude pobre.
Na Bahia, Senador Lindbergh, agora recentemente, utilizei um dado, inclusive, na campanha: mais de 90 mil jovens, nos últimos 7 anos, através do ProUni, acessaram a universidade, jovens de famílias cuja renda não ultrapassa um salário mínimo, dois salários míninos. E aí?
É esse o ataque, Senador Lindbergh. Quando agridem o Lula, nesse atual quadrante da nossa história, não é para atingir a figura do Lula, até porque todos nós somos passageiros, é para destruir aquilo que o Lula ajudou a construir, em que foi o timoneiro. Ele construiu algo e, independentemente do Lula, do Lindbergh, do Wellington, do Pinheiro, de quem quer que seja, essa consolidação continuará. Nós passaremos, mas essa instância vai continuar.
O objeto não é atacar a pessoa do Lula. O desejo, a ânsia é destruir esse projeto importante que o companheiro Lula foi capaz de construir. É esse o desejo, porque esse desejo se soma exatamente à possibilidade de destruir Lulas, de destruir outras pessoas, aqueles que virão e aqueles que continuarão esse projeto que o Lula teve coragem de iniciar. É esse o embate. É um embate imaterial, que se consolida, que se materializa com essas ações levianas de alguém que tenta fazer agora ataques pessoais ao Lula.
No momento em que esteve no banco dos réus, aqui na CPI, na polícia, onde quer que seja, não teve nenhuma possibilidade de citar, inclusive, a questão do Lula? Agora faz? Com que objetivo? E por que tanta gente reverbera isso?
Para destruir todas essas coisas que V. Exª levanta muito bem. Para destruir esses feitos de um país que agora pode caminhar em outra direção, que pode desafiar, aqui e agora, como faz a Presidenta, neste momento, no mundo afora, a economia e dizer quem era um País que, em todas as vezes que os abalos internacionais se apresentavam, a sua estrutura ruía.
Agora a nossa estrutura enfrenta isso de forma diferente, com altivez e, principalmente, com propostas. Ao invés de apresentarem propostas para nos enfrentar, preferem fazer o ataque, tentando nos desqualificar. A ausência de propostas leva as pessoas a fazer esse tipo de coisa. Mas a sociedade, além de atenta, a sociedade, hoje, é muito mais bem informada exatamente porque diversos mecanismos de transparência e de acesso foram consolidados para que a sociedade passasse a ter o maior nível de participação, o maior nível de controle, e o maior nível inclusive de acompanhamento. É essa obra imaterial que eles tentam atacar. Mas, aí, a história – como diria o livro do velho Fidel –, a história nos absolverá. E a história terá a condição de apontar exatamente quais são os feitos e ao mesmo tempo uma estrutura consolidada que não será, de forma nenhuma, desmontada com esses ataques pontuais.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Agradeço muito o aparte de V. Exª e diria que este aparte é mais importante que o meu pronunciamento por se tratar de V. Exª, o Líder do nosso Partido aqui no Senado Federal, nos liderou este ano com muita firmeza, com muita clareza.
Então agradeço muito e acho que esse acaba sendo um momento muito importante para a nossa Bancada demonstrar todo o nosso apoio a essa figura que nos lidera há muito tempo. Não só nós do PT, mas uma parcela grande da esquerda neste País. Há muitos brasileiros que encaram e acompanham o Presidente Lula há muito tempo.
Eu passo agora para o Senador Wellington Dias, nosso representante do Estado do Piauí e ex-Governador. Um prazer conceder um aparte a V. Exª.
O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT – PI) – Com prazer, Senador Lindbergh, primeiro, para dizer do orgulho
e o primeiro grande desafio colocado agora, liderado pela Presidenta Dilma é que a gente não tenha a condição de conviver com essa vergonhosa situação de pessoas vivendo na miséria. Erradicar a pobreza começando pelos miseráveis é algo que já acontece. Então, se uns ganham e, são muitos, tem ideia do que é a gente caminhar para uma ousada tentativa de ter um país rico, mas com o salário mínimo de um país rico? O salário mínimo de um país rico, dividindo via remuneração, via renda a condição, fazendo o bolo crescer. A queda de juros, a queda de desconto de energia. Vejam os ataques colocados a um projeto que quer oferecer desconto de energia, o Custo Brasil, redução de impostos, garantir as condições de liberdade em todas as áreas. Então, veja, eu cito isso para dizer que há uns que ganham, há uns que perdem. E, os que perdem, reagem. É portanto, claramente um ataque mais do que ao Lula, é um ataque a um projeto de país que hoje é destaque dentro do planeta. Mais do que isso: é um ataque daqueles que perdem na busca do poder a qualquer custo. E, quero aqui parabenizar V. Exª e dizer do orgulho que eu tenho…
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Muito obrigado, Senador.
O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT – PI) – …de ser seu conterrâneo também de Nordeste, mas também de ver a sua ascenção, a exemplo do Lula. No seu caso, no Rio de Janeiro, as suas conquistas e é um jovem que, com certeza, já contribuiu muito com esse País e tem muito ainda a contribuir com esse projeto. Por isso que quero aqui parabenizá-lo e agradecer por esse aparte.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Agradeço muito a V. Exª, Senador Wellington Dias…
O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT – AC) – Senador Lindbergh, permita-me interrompê-lo para prorrogar a extensão da sessão pelo tempo necessário.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Agradeço muito ao Senador Wellington Dias.
Pode falar.
O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT – PI) – Meu querido Lindbergh, me permita só dizer uma coisa também. Junto desse pacote muitas outras lideranças também são atacadas e queria aqui também fazer justiça a uma liderança que conheço e posso aqui dar o meu testemunho da sua história de seriedade. Enfim, muitas vezes atacada: o nosso colega, Senador Humberto Costa, junto com esse ataque ao Lula. Por isso que concordo com V. Exª de que há algo orquestrado, mas eu que creio em Deus, creio também que a verdade sempre vence. Muito obrigado.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Muito obrigado, Senador Wellington Dias.
Eu concedo o aparte agora ao Senador Paulo Paim.
últimos cinco minutos. Mas eu não poderia deixar de apartear V. Exª e de cumprimentá-lo pelo pronunciamento. É um pronunciamento brilhante, bonito, pontual, daqueles que eu gosto, até meio que romanceado. Isso é bom, porque mostra a sua emoção pela situação em que, no cenário nacional, os ataques ao Presidente Lula acontecem 24 horas por dia. Eu só complementaria, na linha do Wellington, que sobre o Presidente Lula, eu que trato tanto dos direitos humanos, seria bom lembrar: Secretaria da Mulher – este País sempre discriminou a mulher e nós temos hoje uma secretaria especial que trata da mulher brasileira. A Secretaria do Negro, a Seppir, que tem feito um belo trabalho, criação do Presidente Lula. A Secretaria dos Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, com a Maria do Rosário, que está fazendo um belíssimo trabalho. Eu poderia lembrar aqui do salário mínimo. Nós peleamos, peleamos, eu fazia até greve de fome, no passado. E na articulação com as centrais, com o Presidente Lula, construímos aquela bela proposta, e em 2023 – eles também não gostam – este País vai estar com um salário mínimo na base de USid=”mce_marker” mil. Eles também não gostam, sei que não gostam. Mesmo na questão dos aposentados, permita que eu registre, eu que protesto tanto e brigo tanto nessa questão, foi no Governo Lula que saiu o Estatuto do Idoso, que saiu o Estatuto da Igualdade Racial, que se apoiou o Estatuto das Pessoas com Deficiência, que está agora na última instância. Foi no Governo Lula, para terminar, que nós tivemos o único reajuste real para os aposentados, de 80% do PIB. O Presidente Lula, antes de sair, sancionou, e pediam para ele vetar, porque ia quebrar o País. Mesmo na questão do fator, o Presidente Lula disse, eu sou testemunha, as centrais também: Se vocês se entenderem na fórmula 85/95, e as centrais não se entenderem, aprovem, e eu sanciono. Esse é o Presidente Lula. E, por isso, tanto ataque ao Presidente Lula. O Presidente Lula é uma liderança mundial. Eu dizia há uns tempos, e repito: Hoje você se lembra de pessoas como Mandela, no planeta, no cenário internacional. Mas se você lembra de Mandela, você lembra também de Lula. Meus cumprimentos a V. Exª.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Eu é que agradeço muito V. Exª, Senador Paulo Paim, que muito ajudou. Inclusive na discussão sobre o salário mínimo teve o seu papel. Na construção dessa política, que foi vitoriosa, a construção desse grande mercado interno de consumo de massas no País.
Na verdade, se tem uma coisa que nos unifica, que nos emociona, é falar do Lula e defender o Lula. Isso tem que ficar bem claro para o País. Toda essa militância, essa gente com esperança. O Lula tem esse poder. Porque nos lembramos do início, de como foi, das caravanas da cidadania, do compromisso com os pobres, com os trabalhadores. E lembramos da coerência, porque, no governo, a grande transformação
porque, no Governo, a grande transformação que o Lula fez, fez porque olhou para os mais pobres; fez porque, pela primeira vez, olhou primeiro pelos trabalhadores. A nossa triste tradição histórica era outra. Dessa vez, crescemos, distribuindo rendas e oportunidades. Essa exitosa experiência brasileira, Senador Wellington, na redução das desigualdades, comprovada por várias pesquisas, serve, hoje, de referência para as Nações Unidas, na luta contra a pobreza extrema em outras partes do globo.
Recentemente – olha que interessante! –, o Boston Consulting Group divulgou estudo, ignorado por uma parcela da grande imprensa, que comprova que o Brasil foi o País que apresentou a melhor qualidade do seu crescimento econômico recente. Sob a batuta de Lula e Dilma, o Brasil é o País mais eficiente do mundo na transformação de crescimento em bem-estar social.
Com Lula, a Petrobrás, ícone da intervenção do Estado no domínio econômico, antes ameaçada de privatização, firmou-se com uma das cinco maiores empresas no setor petrolífero em escala mundial e descobriu os maiores campos de petróleo da história do nosso País, na camada pré-sal, projetando o Brasil como potência petrolífera tardia e possibilitando alavancagem do nosso desenvolvimento recente, com novos investimentos maciços em educação.
Na área ambiental, foram feitos avanços paradigmáticos. Já na famosa Conferência de Copenhagen, em 2009, todos reconheceram o protagonismo do Brasil em assumir, voluntariamente, sob a liderança de Lula, metas ambiciosas de redução das emissões de carbono, na busca de soluções para o grave problema do aquecimento global. Com efeito, nosso País saiu de uma posição defensiva nesse tema e passou a colocar-se na vanguarda da luta ambiental entre os países emergentes; para isso, contribuiu muito a redução drástica do desmatamento na Amazônia e a liderança internacional do País, na geração de energia limpa, consolidada no Governo Lula.
A nova política externa, adotada por Lula, contribuiu para aumentar nossa participação no comércio mundial e obter vultosos superávits comerciais, os quais foram fundamentais na superação da vulnerabilidade externa da nossa economia.
O País evoluiu da posição de grande devedor para credor internacional, com acúmulo de R$360 bilhões em reservas cambiais, que desempenharam e desempenham um papel decisivo na crise financeira internacional desencadeada em 2008.
Antes, qualquer crise periférica nos levava de pires na mão ao FMI. Hoje, mesmo na pior crise mundial desde 1929, que já dura 5 anos, temos a confortável posição de credores do FMI e somos um país comparativamente pouco afetado.
Ademais, Sr. Presidente, a nova política externa fortaleceu e ampliou o Mercosul, lançou as bases da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), mudando o patamar de integração da América do Sul, articulou os interesses dos países em desenvolvimento nos foros internacionais e aumentou extraordinariamente nosso protagonismo internacional. Por isso, Lula é um grande líder mundial, respeitado em todos os países, algo que as lideranças cultuadas pelos que odeiam o PT jamais conseguiram ser e jamais serão.
Observe-se que todas essas realizações foram obtidas num quadro de redução da relação dívida/PIB e inflação sob rigoroso controle. Até nisso Lula foi mais eficiente que seu antecessor.
Além disso – e esse um ponto de extremo relevo –, a emergência das novas políticas deu-se, sob o comando de Lula, no contexto de fortalecimento da democracia brasileira. Com efeito, como falou o Senador Walter Pinheiro, a transparência administrativa e a independência dos poderes foram fortalecidas. Não houve fragilização do Legislativo e do Judiciário, e as instituições de controle, como a Polícia Federal, a CGU, o TCU, etc. foram significativamente todas robustecidas. Não ocorreu, da mesma forma, a busca de um terceiro mandato, apesar de a popularidade do Presidente Lula ter superado, já ao final do governo, espantosos 80%.
Em síntese, Sr. Presidente, sob a gestão de Lula o Brasil aumentou sua importância econômica e política num cenário de crise, ao contrário do que aconteceu com as nações mais desenvolvidas; assumiu a liderança internacional em energia limpa e na exploração da biodiversidade, em um momento em que o desafio de construir uma economia verde, com baixo índice de carbono, mobiliza todo o planeta; avançou em seu papel destacado na produção de alimentos, em uma conjuntura internacional que projeta déficit crescente entre oferta e demanda de produtos agrícolas.
Revelou seu imenso potencial de exportador de petróleo e derivados após a descoberta dos grandes campos petrolíferos do Pré-Sal. Aumentou seu protagonismo internacional, graças a uma política externa ousada e criativa. Construiu um importante mercado interno de consumo de massa, com inclusão social de dezenas de milhões de famílias, e consolidou suas instituições republicanas e o Estado democrático de direito.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, Lula mudou o Brasil. E não se trata de uma mudança abstrata e retórica. Foi uma mudança concreta, profunda. Ele mudou, para melhor, a vida de dezenas de milhões de brasileiros. Gente como ele, que não tinha nada ou muito pouco, e que agora come, mora, se educa, sonha. Brasileiros que se tornaram, enfim, cidadãos do Brasil.
Trata-se, assim, de uma façanha extraordinária, histórica. Uma façanha que se torna ainda mais admirável quando levamos em consideração que, ao contrário de seu antecessor, Lula teve de enfrentar, de forma praticamente cotidiana, as pesadíssimas críticas e acusações, muitas vezes inverídicas e levianas, de uma mídia conservadora que se autodefiniu, com muita propriedade, como um partido de oposição.
Nada disso interessa, no entanto, aos cultivadores do ódio. Com efeito, o ódio a Lula prescinde de argumentos. Não necessita de racionalidade. Pior, prescinde de propostas alternativas. Prescinde, sobretudo, do debate democrático, franco e aberto.
Para eles, basta o insulto, a crítica baixa e de caráter pessoal. Bastam as calúnias, frequentemente assentadas em suspeitíssimos depoimentos de acusados e condenados. Isso basta. Do resto, se encarrega o poderoso partido de oposição, incrustado nessa mídia conservadora e até mesmo a teoria do domínio de fato que, nessas paragens tropicais, se converteu na tirania da hipótese preestabelecida.
Sr. Presidente, eu encerro dizendo que Lula, ao contrário da horda dos ressentidos, não cultiva ódios. Teria até todos os motivos para fazê-lo. Ao contrário de muitos de seus detratores, Lula foi submetido, desde que nasceu, àquilo que Gandhi denominava “a pior forma de violência”: a pobreza. Não a pobreza digna de quem tem pouco, mas o suficiente. Não. A pobreza de Lula foi da miséria asfixiante, que nega comida, teto, educação, saúde e sonhos. Que nega a cidadania. Que nega direitos. Que nega, frequentemente, a vida.
E, ao longo de sua vida, mesmo depois de superada a pobreza, Lula continuou a ser golpeado.
Foi golpeado pela tragédia pessoal quando perdeu mulher e filho. Foi golpeado pela ditadura, que o prendeu e calou. Foi golpeado por adversários políticos em campanhas eleitorais baixas. Foi golpeado pelo câncer, e, ao contrário do que se poderia esperar, não recebeu, da horda dos ressentidos, nenhuma manifestação de solidariedade. Recebeu, isso sim, insultos, o mórbido contentamento de alguns “formadores de opinião” e uma grosseira campanha para se tratar do câncer em hospital público.
Mas, ao contrário dos que amam odiá-lo, Lula não foi tomado pelo câncer da mesquinhez. Lula é um político e uma pessoa guiada pela esperança, pela vontade de superação, que, no seu caso, se confunde com a superação coletiva da legião de deserdados que ajudou a resgatar para cidadania.
A grande força de Lula, Senador Paulo Paim, vem exatamente disso: dessa imensa capacidade de transformar sofrimento, obstáculos, preconceitos e ódios em superação, em esperança,
Por isso, Lula está muito acima do ódio, dos preconceitos, das perseguições mesquinhas. Essa campanha de ódio não o atingiu e não o atingirá.
Atingida por essa campanha é somente a democracia, que se empobrece com a falta de diálogo, com a falta de ideias, com a falta de propostas alternativas. E, quando não há propostas e ideias, restam apenas as acusações vazias, a patética agenda de delegacia de polícia, e o ódio sem causa, inútil, vazio, que depõe contra os que odeiam.
Encerro, Sr. Presidente, dizendo que Lula, mesmo quando perdia, sempre foi vitorioso, porque lutava por seu povo, porque lutava por dias melhores, porque lutava pela vida.
E quem luta pela vida, com esperança e solidariedade, nunca será derrotado. Nunca será destruído. Quem luta pela vida do outro tem um lugar reservado no coração do Brasil.
Para destruírem Lula, terão, então, de destruir o coração do Brasil. E esse, meus caros, é eterno.
Viva Luiz Inácio Lula da Silva.
Viva Lula!
Muito obrigado, Sr. Presidente.