Tombini, no Senado, questiona os pessimistas: que crise é essa?

Tombini, sobre o pessimismo: “Que crise é essa, se temos o menor nível de desemprego dos últimos tempos; se temos mercados com elevado índice de liquidez e a inflação está em queda há quatro meses?”A revisão das metas para a economia brasileira, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a inflação e até mesmo os preços para o consumidor final são fortemente impactados pela conjuntura econômica mundial que, nesse momento, atravessa novos focos de tensão, como, por exemplo, a disputa geopolítica do Leste Europeu (representado pela crise na Ucrânia que opõem Rússia, de um lado, e a Europa e os EUA, de outro) e no Oriente Médio (representado pela invasão das tropas de Israel na Palestina, gerando milhares de civis mortos). A inserção obrigatória desses fatos externos deve ser sempre considerada nas análises sobre a economia nacional, segundo disse o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na manhã desta terça-feira (05), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Tombini, no Senado, questiona os pessimistas: que crise é essa?

 

Tombini disse ainda que o Brasil também precisa estar atento à realidade da vizinha Argentina, que, neste momento, enfrenta dificuldades para garantir o pagamento de suas dívidas , somado com inflação anual de 30%, depois que a justiça americana  sentenciou que o governo de Cristina Kirchner deve pagar imediatamente – e à vista – uma dívida milionária cobrada pelos chamados fundos abutres, os mesmos que não aderiram ao plano de renegociação com demais bancos, depois da crise de 2001.

Tombini veio ao Senado mais uma vez cumprindo o que reza o Regimento Interno do Senado, no qual consta como obrigatória a presença do condutor da Política Monetária para expor o panorama da economia brasileira, informar sobre as perspectivas de crescimento da economia, controle da inflação e a inserção do Brasil no cenário mundial.

“Toda a economia mundial precisou rever suas metas, mas o Brasil está num claro processo de melhora econômica, já que as consequências da crise mundial estão longe de ser tão graves quanto as verificadas em 2008, quando atingiu seu ápice”, disse Tombini, lembrando que, mesmo em países duramente afetados por condições adversas, como aconteceu com o Leste Europeu e os países asiáticos, há fortes sinais de recuperação.

O pessimismo do mercado, pela análise do presidente do BC, é injustificado. “Que crise é essa, se temos o menor nível de desemprego dos últimos tempos; se temos mercados com elevado índice de liquidez e a inflação está em queda há quatro meses?”, questionou, lembrando que não há descontrole econômico algum.

Embora os senadores da oposição tenham insistido num cenário francamente desfavorável para o Brasil, Tombini traçou um panorama mais concreto, onde o consumo se mantém em crescimento – ainda que moderado – , os investimentos estão em expansão – ainda que em níveis menores que os registrados no ano passado – o setor de serviços mostra crescimento, a agricultura tem recorde de produção, os empregos criados asseguram crescimento da renda do trabalhador e o desemprego alcançou um patamar histórico mínimo. “Tudo isso é resultado do trabalho da última década”, resumiu.

O cenário para frente é ainda mais favorável para Tombini. Ele disse que os investimentos do País em infraestrutura tornarão a economia mais vigorosa.

Inflação
Questionado sobre se haveria risco de estagflação da economia (situação de paralisia da economia, que se caracteriza basicamente por redução do nível de atividade econômica associada a aumento da inflação e do desemprego), o presidente do BC foi categórico: “O Brasil está longe disso”. 

Ele reiterou que a inflação está sob controle e que o País terminará o ano de 2014 com o índice dentro da meta preestabelecida. Tombini afirmou ainda que, há três ou quatro meses seguidos, está havendo deflação nos Índices Gerais de Preços e informou que “não é por outra razão” que o Banco Central não sobe os juros básicos da economia brasileira desde maio deste ano – quando foi interrompido o ciclo de alta da taxa básica, que permanece em 11% ao ano desde então.

“Não há descontrole nenhum, mas é claro que queremos preços mais baixos”, afirmou.

Giselle Chassot

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