Alessandro Dantas

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado nesta terça-feira (4/11). Logo em seu primeiro pronunciamento após a eleição, Contarato enfatizou que o combate ao crime organizado só será eficaz se for contínuo e progressivo.
“Ele não pode se basear em operações isoladas, mas, sim, no planejamento integrado. O Estado precisa retomar de forma permanente o controle das comunidades e, ao mesmo, tempo implementar políticas públicas consistentes e inclusivas. Isso significa oferecer emprego, educação integral, saneamento básico, coleta de lixo, pavimentação das ruas. É preciso criar segurança estável, não apenas policiamento ostensivo”, declarou o presidente da CPI.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), exaltou a competência do colega para ocupar o cargo de presidente do colegiado ao lembrar a experiência do senador Fabiano Contarato como delegado de polícia por 27 anos no estado do Espírito Santo, além de ser professor de direito constitucional.
“Um homem que tem uma postura e honestidade intelectual invejáveis. É uma pessoa insuspeita para fazer o trabalho que a sociedade brasileira quer. Ofertar um caminho, sugestões para que a gente consiga enfrentar essa chaga que virou o crime organizado no país, com as milícias mandando em vários territórios”, disse Wagner.
Crítica ao discurso hipócrita da oposição
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), rebateu o discurso hipócrita dos parlamentares de extrema direita que criticaram a indicação de Fabiano Contarato como uma forma de blindagem ao governo Lula.
“Essa CPI não é um tema de governo ou oposição. Estamos debatendo um problema central, dos mais graves que enfrentamos no país nesse momento. Fico assustado com a acusação leviana de que o governo Lula quer se blindar. Se blindar de quê? Se o governo Lula foi responsável pela operação Carbono Oculto ainda há pouco, que desbaratou o esquema de financiamento de parte do crime organizado. Esse tipo de leviandade não contribui com a qualidade do debate político que temos de fazer”, rebateu.
Requerimentos aprovados
O colegiado aprovou nesta primeira reunião o plano de trabalho apresentado pelo relator e diversos requerimentos de convites a autoridades. Dentre eles, estão:
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça;
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa;
Andrei Augusto Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal;
Leandro Almada da Costa, diretor de inteligência policial da PF;
Antônio Glautter de Azevedo Morais, diretor de inteligência penal do Senappen;
Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin.
Além disso, foram aprovados requerimentos de convite a diversos governadores, seus respectivos secretários de segurança pública e a estudiosos e pesquisadores sobre o crime organizado no Brasil. Por fim, o colegiado pediu informações acerca do controle de armas no país, relatórios de mapeamento das facções criminosas, dados estatísticos e planos estratégicos de enfrentamento.
Pelo Partido dos Trabalhadores, além do presidente Fabiano Contarato (PT-ES), o senador Rogério Carvalho (PT-SE) será o titular na comissão. Já os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) assumem as vagas de suplência.



