Agnelo resiste a Cachoeira – e deixa oposição desnorteada

A decisão do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) de abrir mão de seus sigilos para a CPI desarticulou a oposição na sessão da CPI mista do esquema Cachoeira, desta quarta-feira (13/06). Coube ao senador Humberto Costa (PT-PE), relator do caso Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) no Conselho de Ética, fustigar os oposicionistas. O parlamentar petista disse estranhar o comportamento da oposição no Brasil, que não faz oposição a um partido, “mas a uma pessoa, no caso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não quero ensinar a oposição, mas podem fazer oposição a Dilma. Ela agradece”, emendou.

Foram várias as tentativas de, minimizar a atitude do governador, que chegou a ser equiparada à divulgação, feita por Marconi Perillo, governador de Goiás, das cópias dos cheques que recebeu pela venda da casa onde foi preso Carlos Cachoeira. Após mais de seis horas de depoimento, foi a vez dos petistas falarem.

“Ontem, quase bateram no relator [deputado Odair Cunha (PT-MG)] porque ele pediu a Perillo que abrisse seu sigilo e hoje isso não tem importância?”, estranhou Humberto Costa, acrescentando que, no caso do governador goiano, “há indícios claros de envolvimento com grupo de Cachoeira”. Na sessão de ontem, o governador goiano afirmou que não via motivos para abrir mão de seus sigilos telefônicos. “A decisão cabe à CPI e ao STJ”, disse Perillo, afirmação que parlamentares interpretaram como uma insinuação de que o governador recorreria à Justiça para impedir o acesso a seus dados.

“Convém lembrar que Agnelo não jantou e nem deu telefonemas de feliz aniversário para Cachoeira”, ironizou Humberto, numa alusão aos diversos encontros com Cachoeira admitidos por Perillo. O senador estranhou novamente que parlamentares de oposição – que reclamaram incessantemente durante o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo porque houve perguntas que não estariam vinculadas ao assunto da investigação – na tarde desta quarta-feira (13/06) tenham feito questionamentos totalmente estranhos à atuação do esquema Cachoeira.

As perguntas fora do escopo de investigação da CPI também foram observadas pelo senador José Pimentel (PT-CE), líder do Governo no Congresso Nacional, lembrando que, embora estivesse de posse de informações sobre três processos criminais contra Marconi Perillo, o PT pinheiro_1306afez questão de não tratar desses assuntos no depoimento do governador de Goiás. Para Pimentel, o depoimento de Agnelo reforçou o que está demonstrado nos dados já examinados pela CPI. “Até o Dadá reconheceu que o grupo de Cachoeira não conseguiu nomear nem gari no governo de Agnelo”, destacou. Dadá é Idalberto Matias de Araújo, apontado como informante do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Para o senador cearense, está bem demonstrada a “resistência do governador do DF às investidas do esquema de Cachoeira. Ele elogiou o depoimento “firme e seguro do governador”, que respondeu sem titubear a assuntos que não tinham relação direta com a investigação da CPMI, como itens sobre licitações na Anvisa . O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) resumiu: “Quem comemorou a convocação de Agnelo agora deve estar arrependido”.  “A forma corajosa e aberta com que encarou esse depoimento nos orgulha a todos e faz o senhor maior agora do que chegou aqui”, emendou o senador Wellington Dias (PT-PI).

Giselle Chassot e Cyntia Campos

 

Foto externa: Agência Senado

 

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