Gleisi defende saída diplomática para conflitos no Oriente Médio

Gleisi defende saída diplomática para conflitos no Oriente Médio

Gleisi sobre reunião do G-20: é preciso que se debrucem sobre essa questão que tem feito muitas vítimas pelo mundoA violência terrorista que se abateu sobre a população de Paris, na noite da última sexta-feira (13), atesta a urgência de que os organismos multilaterais encontrem uma saída diplomática para os diversos conflitos no Oriente Médio, notadamente para a guerra civil na Síria, afirmou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), em pronunciamento ao plenário, nesta segunda-feira (16).

Ela lembrou que ao longo desta semana os representantes das 20 maiores economias do planeta estarão reunidos em Istambul, Turquia, na Cúpula do G20. “Que esse possa também ser um fórum para discutir essa situação e não só discutir as questões econômicas em relação aos países que o compõem”, defendeu a senadora. “Os países do G20 têm liderança política no mundo, além da liderança econômica. É preciso que se debrucem sobre essa questão que tem feito muitas vítimas pelo mundo”.

Gleisi comentou a polêmica que tomou conta das redes sociais, durante o fim de semana, com um intenso debate sobre “qual das tragédias” mereceria a solidariedade dos brasileiros, a de Paris ou a de Mariana (MG) e região, devastadas pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco. A senadora rejeitou o falso dilema: ” A empatia — capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, ver pelo olhar do outro — é que nos faz sentir dor, repulsa, indignação pelas injustiças, covardias e tragédias”, lembrou.

 “Como pode uma empresa que aufere lucros tão altos pela exploração de minério tratar com desdém a vida da população e a segurança do meio ambiente, tendo um mar de lama varrendo vidas e comprometendo o futuro?”, cobrou a senadora, referindo-se ao desastre ambiental em Minas Gerais.

Sobre os 129 mortos e os 350 feridos de Paris, ela afirmou que merecem a mesma consternação que os 224 russos vitimados numa queda de um avião, há cerca de duas semanas, em ação também reivindicada por grupos terroristas ligados ao Estado Islâmico, ou os 250 mil mortos na Síria, as vítimas da guerra do Iraque e os 11 milhões de refugiados daquela região.  São situações, apontou, que derivam de um conflito na região do Levante, que se arrasta também por incapacidade de solução ou mediação da comunidade internacional.

“Por que pessoas inocentes têm que morrer pela luta insana de ideias, crenças e territórios?”, questionou. Gleisi alertou, ainda, que é preciso atenção para não sucumbir ao senso comum, que inspira, muitas vezes, reações xenófobas e preconceituosas. “Lembro-me muito bem que recentemente também ficamos impactados pela foto do garotinho sírio morto numa praia da Europa, assim como também nos atormenta a migração de milhares de refugiados da guerra síria, que tentam salvar suas vidas, arriscando tudo para chegar a um lugar de paz”.

A senadora propôs uma reflexão sobre a passividade com que grande parte das pessoas encara o preconceito. “Os momentos que vivemos também são consequência da indiferença que temos com a intolerância e com a vontade de vingança”, advertiu ela. “Se somos condescendentes com as pequenas injustiças e transgressões, estamos contribuindo para que as grandes aconteçam”

Para Gleisi, nenhuma violência se justifica. “Qualquer violência é e sempre será uma demonstração do nosso fracasso”.

No plano dos governos, ela manifestou preocupação que as reações ao atentado em Paris venham a acarretar ainda mais sofrimento ao povo sírio. “O que mais me amedronta é que essas ações pós-tragédias costumam recair sobre o lado mais fraco das partes envolvidas”, afirmou, lamentando os bombardeios sobre a Síria e a intenção de dirigentes europeus de adotar medidas radicais de combate ao terrorismo, agravando a situação da população que procura abrigo em território europeu.

“É necessário refletir sobre as estratégias adotadas até o momento para pôr fim à guerra na Síria ou a outros conflitos que acontecem no nosso planeta”, afirmou a senadora. E avisou: “Antes que se faça qualquer ilação, registro que quando me refiro a diálogo, estou me referindo à busca de entendimento entre atores com quem seja possível dialogar. É claro que não se trata de negociar com quem claramente não quer diálogo”.

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