Meio Ambiente

Comissão aprova uso das florestas públicas para áreas de conservação da natureza

Relatório apresentado pelo senador Fabiano Contarato ainda será analisado por mais uma comissão antes de seguir para a Câmara dos Deputados

Alessandro Dantas

Comissão aprova uso das florestas públicas para áreas de conservação da natureza

Relatório do senador Fabiano Contarato foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente

A destinação do uso de florestas públicas para áreas de conservação da natureza, terras indígenas e comunidades locais foi aprovado nesta quarta-feira (8/11) na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado. Agora a proposta segue para a Comissão de Agricultura (CRA) em decisão terminativa.

O relatório do senador Fabiano Contarato (PT-ES) ao Projeto de Lei (PL 486/2022) altera a Lei 8.629/1993, que regula os dispositivos constitucionais da reforma agrária. Atualmente, as terras rurais em posse do Estado devem ser destinadas, preferencialmente, à execução de planos de reforma agrária. Essa regra, de acordo com o projeto, não é válida para as florestas públicas, que são aquelas sob o domínio da União, dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e de entidades da administração indireta.

Dessa forma, o texto estabelece que as áreas florestais públicas sem destinação devem ser usadas como unidades de conservação da natureza, áreas indígenas e para uso de comunidades locais. Esses espaços podem, ainda, passar por concessão florestal, quando o direito de uso do local é delegado a uma pessoa jurídica, conforme especificidades legais.

O projeto estabelece multa e reclusão, de um a dois anos, para quem registrar no Cadastro Ambiental Rural (CAR) propriedade em florestas públicas, em terras indígenas e quilombos e em outros espaços em domínio da União. Se a proposta for aprovada, os registros já feitos nesses moldes serão cancelados.

É previsto que o poder público mantenha um banco de dados contendo os limites das áreas públicas de conservação da natureza e de todas as outras que não podem ser transferidas para posse privada. Com a proposta, fica impossibilitado o uso alternativo do solo de florestas ainda não destinadas.

Desmatamento

De acordo com dados apresentados pelo ex-senador José Serra, autor da proposta, a grilagem de terras públicas representa cerca de 50% do desmatamento anual da Amazônia, e, em média, 30% desse desmatamento ocorre em florestas públicas não destinadas. Ele também ressalta que muitas dessas áreas são registradas, de forma fraudulenta, no CAR.

Em seu relatório, o senador Fabiano Contarato complementou afirmando que, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as florestas públicas não destinadas apresentam alta concentração de focos de desmatamento na Amazônia. “Em 2020, essas áreas responderam por 32% do desmatamento no bioma; em 2019, a contribuição já era alta, de 29%”, expôs.

Com informações da Agência Senado

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